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"Não me misturo com a gentalha" - A História não contada de Dona Florinda


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Achei legal sim. Espero que possa continue.

Cada capítulo sairá semanalmente? Ou você não estipulou tempo?

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Capítulo #2 - "Meus 15 anos e um amor passageiro."

Lembro-me dessa festa como se fosse ontem. O dia inteiro de preparos. As criadas andavam de um lado para o outro carregando bandejas, toalhas, enfeites... Mamãe coordenava tudo, papai estava sempre verificando se estava tudo nos conformes e Ester me ajudava com a escolha do vestido, dos sapatos e das jóias. A cada instante o entregador chegava com um pacote para mim. Minha vontade era de abri-los no instante em que chegavam mas mamãe disse que não, só posso abrir no dia seguinte à festa.

Os convites foram entregues com meses de antecedência e todos os 600 convidados confirmaram presença. Ministros, capitães, marinheiros... Todas as pessoas importantes da capital foram convidadas. Finalmente Ester e eu escolhemos o vestido perfeito: Um longo rosa com pequenos cristais bordados e uma manga bufante que completava o look perfeito de uma princesa. É claro que naquela época nao usávamos a palavra "look" mas ja se passaram tantos anos que não me lembro do que dizíamos naquele tempo.

A festa estava perfeita! Caviar, champagne... As senhoras de longo, os senhores de smoking! Nada de cafieira, pinga de todo tipo, mulheres mulambentas e homens piores como quando resolvem fazer bagunça aqui nessa droga de vila.

Em dado momento da festa começou a chegar um grupo de Marinheiros recém-formados e que partiria em uma missao daqui a alguns dias. Um deles em particular me chamou atenção. Ele nao era nenhum galã de cinema: Tinha olhos que pareciam arregalados o tempo todo, bochechas maiores que um mamão e um jeito de falar e andar muito peculiar. Enquanto eu olhava para esse rapaz, Ester me pegou pelo braço para que fôssemos conversar com esse grupo de Marinheiros. Todos exibiam seus músculos e contavam suas conquistas, menos o marinheiro bochechudo, que estava quieto aguardando a hora de nos cumprimentar.

- Parabéns, Florinda! Linda festa!

- Obrigada, rapaz. Mas como você se chama?

- Ah, perdão. Me distraí e esqueci de me apresentar.

- É que ele chegou tarde na distribuição de cérebros. - Gritou um dos marinheiros.

Nesse instante, vários outros começaram a proferir impropérios ao rapaz, que estava ficando vermelho de raiva ou, talvez, vergonha.

- Ah, calem-se, calem-se, calem-se que vocês me deixam louco! - Disse o bochechudo.

A festa parou. Os garçons pararam de servir, os convidados pararam de conversar e a orquestra parou de tocar com o grito do marinheiro bochechudo. Não fiquei constrangida como Ester, ate dei um sorriso para o rapaz, que sem-graça se despediu.

- Com licencinha! - Disse e saiu correndo para fora do salão.

- Ah, minha irmã, - Me dirigi a Ester - esse rapaz me fascinou e eu nem sequer soube seu nome.

O constrangimento de Ester era tão grande que ela nem me respondeu.

- Não aconteceu nada! - Disse meu pai. - Maestro, toquem para Florinda!

E a festa voltou ao normal.

Próximo capítulo: "Saindo de casa."

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