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CHAVES - 15 anos depois - fanfic


Jigen

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Olá, pessoal!

Faz algum tempo que eu escrevi esta fanfic que mostra como a vila estaria passados 15 anos após os primeiros capítulos do Restaurante da Dona Florinda (que é o ponto em que eu considero o derradeiro fim da série...). Como bem se lembram, Quico foi morar com a madrinha, Dona Neves foi morar com a Chiquinha (e Seu Madruga foi embora sem nenhuma explicação...), Jaiminho estreou na vila e tudo o mais.

Este primeiro seria o "episódio piloto". Se vocês gostarem eu posto mais! :D

“As volta dos que foram e ficaram” – parte 1

Tudo começa na Cidade do México, capital do país. Quinze anos se passaram desde que Quico foi morar com sua madrinha rica. “Será melhor para a educação dele”, palavras da própria Florinda. Neste momento Quico – agora com 23 anos. – acaba de sair do prédio de uma instituição de ensino. Sua madrinha Loleka o espera na porta.

– Parabéns, meu querido! – diz ela, batendo palmas. – Nunca esperei que veria esse dia! Meu afilhado acaba de concluir o ginásio! Ah, se Frederico estivesse vivo...!

– Ionhohoho! – diz Quico, com aquela risadinha malvada. – Sim, dinda! E agora, finalmente, poderei ver a minha mãe!

– Ah, sim! Inclusive estou com o convite de casamento dela e do Jirafales. Finalmente aqueles dois vão se casar, não é?

– Vou embarcar hoje mesmo! – Quico sorri. –E a senhora? Enviou a carta contando qual será o meu presente de casamento para ela?

– Sim, tesouro! A sua carta já deve ter chegado! – a tia arruma as melenas grisalhas. – Diga à sua mãe que ela fisgou um bom partido! Embora tenha demorado um pouco...

– Bem, fica difícil conquistar uma mulher enviando só flores, e à um homem servindo só café... – reflete Quico, lembrando da sua infância.

– Falando nisso, tesouro, você vai levar sua namorada, não é? Afinal ela será a futura mãe dos netos da Florinda!

– Ah, já está tudo combinado! – diz o moleque, animado. – Eu vou na casa dela agora!

– Vai de ônibus, tesouro?

– Sim, por quê?

– Porque eu tenho algo para você! – ela pisca um olho. – Um... presente de despedida! Aqui estão! As chaves do seu novo carro!

– Hahah!!! – ele pega as chaves. – Obrigado, dinda! Você é a minha melhor madrinha de todas!

Loleka fica meio em dúvida, interpretando aquela frase. Mas logo se recompõe.

– Bem, o carro está ali, na vaga trinta e dois. Cuide bem dele, tesouro! Me custou o olho da cara!

– Você ficou caolha?!?

– Não, meu bem! Estou dizendo que o carro custou muito dinheiro!

– Ah sim! – e Quico vai até o carro.

– Outra coisa! – grita ela, de longe. – Não fique emprestando o carro para esses seus amigos que fazem parte da gentalha! Pois um veículo lindo desses não duraria cinco minutos nas mãos de vândalos...

Ela interrompe o discurso ao ouvir a sonora batida do carro contra um hidrante. A água espirra para todos os lados.

– Hã... que coisa, não? – sussurra Quico.

Toca uma musiquinha animada. Fim da cena.

Enquanto isso, na rua principal da vila, Chiquinha, agora adulta, entra no restaurante da Dona Florinda. A garota agora está toda refinada, de tailleur e óculos de aros ovais. Ela senta a mesa e coloca uma pasta sobre ela. Parece irritada.

– Humpf! Como sempre não há ninguém para atender nesta espelunca!

Nisso, uma mulher de cabelos grisalhos e avental aparece. É a Dona Florinda!

– Ah, é você, Chiquinha?

– “Dona Francisca”! – diz ela, com ares de madame. – A senhora faça o favor de me respeitar! Afinal agoras eu sou uma mulher de classe!

– Oh, sim! – diz Dona Florinda, zombeteira. – Muita classe tem uma vendedora ambulante de cosméticos!

– Não se preocupe, um dia eu terei um emprego de categoria! Como ficar picando cebolas num restaurante de quinta!

– Como é que é?

– Hahaha! Como sempre a senhora reage fácil à provocações! – ela ergue os óculos acima do nariz. – Pensei que estivesse contente! Afinal logo vai se casar com o Professor Lingüiça!

– Sim! Logo eu vou me casar com... o quê disse?!?

– Nada, nada. Poderia me servir um café?

– Hmmm, este restaurante não está mais atendendo!

– Não? Não me diga que o vendeu? Depois de tanto trabalho que teve para compra-lo do Senhor Barriga!

– Pois é, anos de aluguel e eu finalmente o comprei. Só para vender de novo. Tsk! Mas agora que vou me casar não me importo de ter nadado e nadado para morrer na praia.

– É por isso que está tão enrrugada...

– Como é que é?!?

– Nada, nada! Mas como vai se sustentar? Agora que vai se casar de novo, não pode mais receber a pensão do seu falecido marido!

– Não se preocupe. Eu e o Professor Jirafales vamos viver muito bem com a aposentadoria dele. E o dinheiro da venda do restaurante será suficiente para comprarmos uma casa própria, sem ter que depender mais de aluguel.

– Bem, mas se a senhora vendeu o restaurante, o vendeu para quem?

Neste instante, entra um homem gordo e de barba no restaurante. Ele usa paletó, carrega uma mala e exibe uma expressão séria no rosto.

– Senhor Barriga?!? – diz a Chiquinha.

– Não, não! Eu sou o Nhonho! – diz o homem. – Não percebe que os meus cabelos não estão brancos?

– Não deu para enxergar, pois tem muita coisa para se reparar antes do cabelo! – diz a garota, apalpando o barrigão do cara.

– Olha ela! Olha ela!!! Pois fique sabendo que eu sou, a partir de agora, o dono deste restaurante!

– Ainda não, Nhonho. – diz Dona Florinda. – Primeiro temos que assinar o contrato.

– Ah, sim! Foi para isso que eu vim, Dona Florinda. Vamos assinar o contrato já.

– Então, Nhonho? – continua Chiquinha. – Você e seu pai voltarão a ser os donos do pedaço! Donos novamente deste restaurante e da vila, como sempre!

– Aí é que você se engana, Chiquinha. Meu pai vendeu a vila.

As duas mulheres quase caem para trás. – Vendeu?!? – diz Chiquinha. – Não!!!

– Ah, sim.

– Não!

– Sim!

– Sim?

– Não... er! Digo, sim! Está vendida!

– Escute, Nhonho, e para quem o seu pai vendeu a vila?

– Isso não é da sua conta! Vamos assinar o contrato, Dona Florinda?

Mas neste momento, todos são interrompidos por um senhor andando de bengala e vestido de carteiro. Seguido por um homem andando de bicicleta logo atrás.

– Jaiminho! – diz Chiquinha.

– Godinez! – diz Nhonho.

– Olá para todos! – diz Jaiminho. – Ah! E como vai a senhora, Dona Florinda? Eu lhe trouxe uma carta!

– Ah, claro. – diz a mulher, aproximando-se para pegar a grande mala. – E, como sempre, vou ter que procura-la.

– Oh, não se preocupe, Dona Florinda! – diz Godinez. – Eu encontro a carta para a senhora!

– Ora, mas o que é isso? – diz Florinda, sorrindo.

– Godinez será o novo carteiro! – diz Jaiminho. – Sabe, eu acabo de me aposentar, e hoje é meu último dia. Estou apenas acompanhando o Godinez para mostrar como ele deve fazer seu trabalho.

– Ah! – Chiquinha dá tapinhas nas costas do velho. – Já era hora de termos um carteiro decente!

– Hm?

– Digo, digo...”ahem! Ohom!” Digo, já era hora do senhor se aposentar! Afinal o senhor está muito cansado!

– Não senhorita, eu nunca me canso!

– Não?

– Não, eu sempre evito a fadiga!

– Dona Florinda! – diz Godinez, entregando um envelope para a velha. – Aqui está a carta da senhora!

Florinda pega a carta, imaginando que é o último cheque da pensão. Mas não.

– É a carta do meu tesouro!!! – diz ela, tremendo as mãos. – Oh, ele confirmou que vem para o meu casamento!!!

– Que legal! – diz Nhonho. – Há quanto tempo eu não vejo o Quico.

– E eu então? – diz Godinez!

– Eu também! – diz Chiquinha. – Será que as bochechas dele cresceram ainda mais? Heim, Dona Florinda?

A mulher está paralisada. Lágrimas lhe vem aos olhos.

– Dona Florinda? – repete a Chiquinha. – A senhora está bem?

– Meu tesouro...! – diz ela, sorrindo muito. – Ele vai voltar a morar aqui! Ele vai voltar!!!

Todos arregalam os olhos.

– Quico vai voltar?!? – diz Chiquinha, incrédula. – Ah! Mas é a volta dos que foram mesmo!!!

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“As volta dos que foram e ficaram” – parte 2

Toca a musiquinha de abertura. A câmera mostra a vila. Alias uma bela vila! Não parece mais ser aquele cortiço, está bem mais cuidada e sem paredes descascando.

Entrando na vila, estão Quico e sua namorada, Ginna. Uma mulher loira e bem bonita. Quico está carregando quatro malas sozinho, enquanto Ginna está com apenas uma valise nas mãos.

– Ufa! Chegamos, querida! – diz Quico, mostrando a vila. – Minha nossa, como isso aqui mudou! Era muito pior!

– Está me dizendo que você morava num lugar PIOR que esse?!? – diz Ginna, torcendo o nariz. – Eu pensei que nós fossemos morar numa casa grande, com vários quartos, salas, etc!

– Ora, e a casa importa?

– Claro que importa! A troco de que você acha que estou namorando com... com... hã... digo! Eu esperava morar numa vizinhança melhor!

– Bem, enquanto eu não arrumar um emprego vamos ter de nos virar com o dinheiro que minha madrinha está dando.

– Ah, que ótimo... – diz a garota, desiludida.

–Veja! Aquela é a casa da Chiquinha! Eu vou ver se ela está.

– Quem?

– A Chiquinha! Uma amiga minha! – Quico se dirige para a porta. Bate nela. – Eu imagino que a essa altura ela já esteja beeeem mais velha!

A porta se abre. E quem aparece é a Dona Neves!

– Velha mesmo!!! – espanta-se Quico.

– Filho! – diz Dona Neves. – Está passando bem?!?

– Hã? Eu estou, por quê?

– Está com cachumba!!!

Quico faz uma cara meio de desgosto. Pigarreia. – Eu queria saber se a Chiquinha está.

– E o que o senhor quer com a minha biscaneta?

– Com quem?

– Minha biscaneta! Se ela me chama de biscavó eu posso muito bem chamá-la de bicaneta!

– Então a senhora é bisavó da Chiquinha? E onde ela está?

– Bem, ela... ah! – Dona Neves se ilumina. – Aí vem ela!

Chiquinha aparece na vila. Assim que chega, abre um imenso sorriso.

– Ah! – diz ela, em triunfo. – Que saudades!

– Chiquinha! – Quico vai na direção dela. – Saudades mesmo...!

Mas a Chiquinha passa direto e abraça sua bisavó.

– Que saudade eu sinto de você quando tenho que sair de casa para trabalhar, bisavozinha!

– Eu também, minha querida! Ah! A propósito, este senhor veio falar com você.

– Quem? – só agora ela percebe o Quico. – Hã? Quem é você?

– Hahah! – Quico já recuperado. – Adivinha!

– Você é... não!

– Sim, sou eu!

– Não me diga que você é... não!

– Sou eu!

– Não posso acreditar que você seja... não!

– Huh... – murmura Quico, já meio nervoso.

– Está mesmo certo que você é... não!

– ...

– Faz tanto tempo que nem...

– Ai, cale-se, cale-se, cale-se que você me deixa louuuuuuuco!

– Ah, meu bem! – diz Ginna, rindo. – Era desse tipo de gentalha que você sentia falta?

– Quico!!! – diz Chiquinha. – Então é você! Nossa, você mudou muito. Parece bem mais...

– Mais bonito, claro!

– ... mais bochechudo!

Tênue silêncio. Risadas da “platéia”. Quico muda de assunto.

– Ah, Chiquinha, esta é a minha namorada, Ginna. Ela vai morar comigo aqui na vila a partir de agora!

– Você conseguiu uma namorada?!? – Chiquinha se espanta. – Ora, mas como?

Chiquinha aproxima-se para cumprimentá-la, mas a garota nem reage.

– Não me toque! Não estou acostumada a dar a mão para gentalha!

– Ah, agora sei como...

– E Chiquinha. – diz Quico. – Onde está o seu pai?

– Meu papai? – ela faz uma cara triste. – Ele... não está entre nós!

Toca a famosa música triste. Quico encabulado, gagueja. – Não... não me diga que... o... o Seu Madruga...

– Agora ele está! – diz Chiquinha.

Seu Madruga aparece. Está de cabelos e bigode grisalhos, mas com a mesma roupa de sempre. Ele vem entrando na vila devagar. Chiquinha vem ao seu encontro.

– Como vai, papaizinho lindo, meu amor? Smack! Você não sabe quem acabou de chegar na vila!

Seu Madruga olha para Ginna. Aproxima-se dela, passa cuspe no cabelo. Fica encantado.

– Não sei, mas espero vir a conhecer melhor!

– Não senhor!!! – diz Ginna, irritada. – Quem acabou de chegar na vila é o meu namorado, Quico!

– Quico?!? – Seu Madruga olha incrédulo para o moleque. – Não acredito! Você está de volta! Ah! – ele dá um abraço no moleque. – E então? O que fez durante todo esses longos quinze anos?

– Inhóhohoho! Completei o ginásio!

Seu Madruga desmancha o sorriso. – Você levou quinze anos para completar o ginásio?!?

– Sim, por quê? O senhor levou menos tempo?

– Ele nem terminou o primário! – diz Chiquinha.

– Filhinha, fica quieta! – diz o velho. – Bem, eu imagino que você deva voltar a morar com a sua mãe, não?

– Ah, não! Minha mãe vai se mudar da vila. Pois ela vai se casar com o professor Jirafales!

– Nós sabemos! – diz Dona Neves. – É por isso que, amanhã, vamos dar uma festa!

– O que que a senhora disse?!? – fala Quico.

– Hã... “ahen! Ohon!” digo, a festa da Boa Vizinhança! Uma festa de despedida em que todos nós iremos nos despedir de uma vizinha que esteve tanto tempo conosco!

– E essa promete ser a melhor festa que já demos! – diz Chiquinha.

– Que será que ela quis dizer? – pondera Quico.

– Amor, vamos sair do meio dessa gentalha! – diz Ginna. – Eu quero logo ir conhecer a sua mãe!

– Claro, amor! Vamos! – e os dois entram na casa da Dona Florinda.

– É... – reflete Seu Madruga. – Pelo jeito a vila acabou de trocar seis por meia-dúzia.

Dentro da casa da Dona Florinda ela está ocupada, cantarolando uma música e terminando de costurar seu vestido de noiva. Quico e Ginna entram sem fazer barulho. Quando Quico grita: - Mamãe!

Dona Florinda se vira devagar. Larga sua costura. Vê o seu filhinho.

– Tesouro!!!

Os dois vão ao encontro do outro em câmera lenta. Toca musiquinha. Se abraçam. Dona Florinda chora.

– Oh, meu tesouro! Meu rei! Meu querubim! Olhe para você! Está um homem feito! Está a cara do seu pai!

Quico posa de gostosão. Dona Florinda continua.

– ... mas o que importa é que você tem saúde!

Risadas da “platéia”. Dona Florinda olha para Ginna.

– Oh, e esta é a minha futura nora?

– Sim senhora! – diz a garota, soberba. – Meu nome é Ginna Pires Cavalcanti!

– Dá para se ver que é uma moça de excelente trato! E muito educada! E muito bonita! Como conseguiu essa proeza, tesouro?

Quico desmancha de vez o sorriso.

– Hã... digo... você fez uma ótima escolha, meu tesouro!

– É um prazer conhecê-la, Dona Florinda! – diz a moça. – E saiba que vou cuidar muito bem do seu filho!

– Tenho certeza que sim!

– Mamãe, mamãe, onde está o meu papi? Digo... o professor?

– Ah, o professor Jirafales! Bem, ele...

Nesse momento, a porta se abre e o Professor Jirafales aparece. Alto e grisalho, com seu paletó e seu chapéu velho. Toca a música brega.

– Professor Jirafales!

– Dona Florinda!

– Certas coisas nunca mudam! – suspira Quico.

– Que milagre o senhor por aqui!

– Bem... eu vim lhe trazer o buquê de flores do nosso casamento!

– Mas que lindo! Não quer entrar e tomar uma xícara de café?

– Bom, eu já entrei e já estou de saída, tenho que ver como andam os preparativos na igreja... oh! Quico! É você?

– Sim, papi! Digo, professor lingui...! Digo.. digo... hã...?

– Mas é uma alegria vê-lo depois de tanto tempo, Quico! – o professor o cumprimenta. – E então? Dedicou-se ao estudo na capital?

– Sim senhor! Eu acabo de tirar meu diploma de ginásio! – e abre a mala e mostra o papel.

– Ah, claro... – o professor pigarreia. – Bem, eu e sua mãe vamos dar uma olhada nos preparativos, pois amanhã iremos realizar o sonho da nossa vida!

– Sim! Fique bonzinho, tesouro!

E os dois saem, de braços dados.

– E então, querida? Gostou da casa? É aqui que vamos morar! – e Quico faz gestos teatrais. – Sempre juntos! Para o resto de nossas vidas!

– Vai ser uma loooonga vida! – diz Ginna, olhando para a casa. Quico fica meio sem graça.

[lá vem o chaves... chaves... chaves... todos atentos olhando pra TV! lá vem o chaves... chaves... chaves... com uma historinha bem gostosa de se ver! COMERCIAIS]

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Puxa... Muito legal. Demorei um pouco para ler, afinal é bem grandinha... Parabéns. Pode continuar... :reverencia:

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Legal... :joia:

Parabéns pela fanfic Jigen :D:aplausos:

A melhor parte (até agora):

– Oh, meu tesouro! Meu rei! Meu querubim! Olhe para você! Está um homem feito! Está a cara do seu pai!

Quico posa de gostosão. Dona Florinda continua.

– ... mas o que importa é que você tem saúde!

:lol::lol::lol:

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Valeu José e Mestre linguiça! :D Aqui vão mais duas partes... o final posto logo!

“As volta dos que foram e ficaram” – parte 3

Mostra a vila. Abre-se a porta da casa 71 e a senhorita Clotilde sai. Ela parece mais velha e abatida, mas está animada. Tira um vestido do varal cantarolando. Quando aparece o Seu Madruga, vindo da rua e com um terno nas mãos.

– Ah, bom dia, Seu Madruga!

– Muito bom, Dona Clotilde. Vejo que está se preparando para o casamento da Dona Florinda.

– Sim, sim! Veja! – ela mostra o vestido que acabou de tirar do varal. – Eu tenho este vestido há anos!

– É um belo vestido verde-água!

– Verde-água? A cor dele é roxa!

– Oh, sim... – Seu Madruga pigarreia. – E este é um terno que eu acabei de alugar no tintureiro. Não é uma beleza?

– Desculpe-me, Seu Madruga, mas acho que o senhor não deveria ter gastado tanto dinheiro alugando um terno se está com o aluguel atrasado em 14 anos!

– Ora, a senhora já devia estar acostumada a não se preocupar! Afinal, o Seu Barriga nunca me cobra o aluguel mesmo.

– Pois agora é diferente! – diz uma voz.

Seu Madruga e Dona Clotilde olham para a porta da vila. Lá, um senhor gordo e grisalho, carregando uma mala, aparece. É o Senhor Barriga.

– As coisas vão mudar, Seu Madruga. – continua. – Creio que, a partir do mês que vem, o senhor terá que dar um jeito de pagar o aluguel.

– Que que foi, que que foi, que que há? O senhor vai ter mesmo coragem de romper com uma tradição de 14 anos?

– Infelizmente sim, Seu Madruga, mas não depende de mim. A vila agora tem outro dono.

Dona Clotilde e o Seu Madruga arregalam os olhos. Dizem ao mesmo tempo: - Novo dono?!?!?

– Exato! Alias foi para avisar todos os inquilinos que eu vim. Receio que, agora, eles não irão continuar na mamata. Pois não existe nenhum senhoril que perdoe tantos atrasos de aluguel como eu.

– Mas como pôde cometer tamanha barriga, senhor erro?!?

– Quê?

– Digo, como foi cometer tamanho erro, Senhor Barriga?!? Por que vendeu a vila?

– Bem, digamos que já estou cansando de vir aqui todo mês para cobrar o aluguel. A partir de agora é o meu filho Nhonho que cuidará das finanças da casa, e ele prefere muito mais cuidar de um restaurante do que de uma vila.

– Ah, sim! Nós ouvimos falar! – diz Seu Madruga. – Agora o Nhonho é dono do restaurante da Dona Florinda!

– E que ela vai se mudar da vila. – completa Dona Clotilde. – E parece que o Quico vai morar na casa 14 com a noiva dele.

– Quico está de volta? – diz Seu Barriga. – Mas que interessante! Bem, creio que a mãe dele já contou sobre a mudança do senhoril. Vou avisar os outros moradores. Até mais ver.

Seu Barriga se afasta. Dona Clotilde suspira.

– E agora, Seu Madruga? Como vai fazer para conseguir dinheiro para pagar o aluguel pontualmente a partir de agora? A maioria dos senhoris perdoa, no máximo, dois ou três meses de aluguel. Depois disso o inquilino é sumariamente posto para fora.

– Eu sei! Eu sei! – diz Seu Madruga, coçando a cabeça. – E eu que pensava que teria tranqüilidade na velhice! O dinheiro que a Chiquinha ganha mal dá para nós três, eu, ela e a minha avó. Talvez desse se fossem só as duas, mas como ela tem que me sustentar também será difícil. Oh! Será que existe uma solução?

– Creio que sim, Seu Madruga.

– E qual seria?

– Case-se comigo!!! – e ela o agarra.

– Ei...! Ei...! Ah!

Corta a cena com musiquinha. Minutos depois, volta para o ambiente da vila. Só que vazio.

Uma mulher está descendo as escadas do apartamento que fica lá no alto. É a Pópis, agora adulta. Na seqüência, Quico sai da casa e dá de cara com ela.

– Pópis!!!

– Quico!!!

Os dois se abraçam. Estão muito felizes.

– Que bom! Você veio para o casamento da tia Florinda?

– Não apenas para o casamento, eu vou voltar a morar aqui!

– Jura mesmo? Que bom! Então vamos ser vizinhos!

– Vizinhos? Não me diga que você se mudou aqui para a vila também?

– Sim! Eu estou trabalhando no salão de cabeleireiros aqui perto. Já estou morando na vila há dois anos! E você? Vai morar sozinho aqui na vila, já que sua mãe vai embora?

Neste instante, Ginna sai da casa. Ela olha Quico conversando com a Pópis e grita:

– Quico! Já falei para não se misturar com essa gentalha!

Pópis faz cara de brava, mas não fala nada.

– Hã... Ginna... amor! Esta é minha prima Pópis! Ela é filha da irmã da minha mãe. E será nossa vizinha!

– Er... desculpe! – diz a mulher, cumprimentando-a. – Eu sou Ginna, a namorada do Quico! Eu vou morar com ele a partir de agora.

– Ah, vai morar por aqui? Mas uma mulher tão distinta como a senhora vai precisar de um bom salão de beleza para se cuidar! – Pópis põe a mão no bolso e lhe entrega um cartão. – Aqui está! Estou trabalhando neste salão de beleza, que fica no final da rua.

– Hah! – Ginna ri do cartão. – Até parece que vou gastar um só centavo nesses salões de quinta que tem pela vizinhança!

Pópis fica brava mesmo! – Eu vou contar tudo para a minha patroa! – e sai da vila, indignada.

– Venha, Ginna! – diz Quico. – Vamos ver a igreja onde minha mãe vai casar. Quero ver se posso ajudar em alguma coisa! – e já vai saindo pelo portão da vila.

– Espere, Quico! – ela vai atrás. – Eu já vou!

Na pressa, Quico acaba esbarrando num homem usando terno, mas embaixo da roupa se vê claramente que ele também usa suspensórios. E usa errado! Este cai no chão. Quico o ajuda a se levantar.

– Oh, sinto muito! É que eu estou com um pouco de pres...

Os dois se reconhecem. Quico e Chaves.

– Chaves!!!

– Quico!!!

Os dois se abraçam. Pulam de alegria. Ginna aparece, olha bem para o Chaves e comenta:

– Melhor relevar, pode ser outro parente!

– Quico! Que bom te ver! – diz Chaves. – Veio para o casamento da sua mãe?

– Não apenas isso! Eu vou voltar a morar aqui!

– Sério mesmo?!? Zás! Zás! E aí a gente se encontrava todo dia! E conversava! E se via todo dia! E zás!

– Sim! Alias, queria aproveitar para apresentar minha namorada, Ginna.

– Como vai? – Chaves estende a mão.

– Quico... – a mulher pergunta. - Ele é algum parente seu?

– Não. Chaves é um amigo que eu conheci aqui na vila.

– Então não vou dar a mão para a gentalha!

Chaves recolhe a mão meio sem graça.

– Puxa, Chaves, eu queria muito encontrar você! – diz Quico. – Mas assim que cheguei aqui na vila não vi o seu barril! O que aconteceu com ele?

– Ah, ele está sendo reformado.

– Reformado?

– Sim, você acha que um barril agüenta ficar quinze anos como novo?

– Bom, isso é verdade, mas onde você está morando enquanto seu barril não fica pronto?

– Ora, lá no oito! Você não sabe que eu sempre morei no apartamento oito?

– Ah, é verdade! E espero que finalmente eu possa conhecer o apartamento e essa pessoa misteriosa que vive com você!

– Essa pessoa está viajando, mas me deixou encarregado de tudo!

– Encarregado de quê?

– De cobrar o aluguel dos inquilinos da vila, afinal ele é o novo dono junto comigo. – e Chaves vai entrando calmamente pelo portão. Quico e Ginna arregalam os olhos!

– Espere, senhor senhoril! – ela vai correndo atrás do Chaves. – Espere! Eu ainda nem o cumprimentei! Espere, senhor Chaves!!!

Quico sacode a mão. Na seqüência vem o Seu Madruga.

– Ah, como vai, Quico?

O moleque não responde. Está estático.

– Quico? Falei com você! Quico! – e o balança.

– Senhor Madruga!!! O senhor não sabe qual é a nova da vila!!!

– Ora, como não? Você me disse que vai voltar a morar aqui com a sua namorada.

– Não, não! Sobre o novo dono da vila!

– Ah, sim. Eu fiquei sabendo... – Seu Madruga vai andando, com uma expressão preocupada. – Sabe, eu gostaria muito de saber quem vai ser o novo dono da vila. Afinal, se ele for uma pessoa qualquer vai me por na rua.

– ...é o Chaves!

Seu Madruga não escutou direito. – Por favor, Quico! Eu tenho coisas mais sérias para pensar do que... do que...! – ele se liga. – O Chaves?!? O Chaves vai ser o novo dono da vila?!?

– Pois é!

– Ah! Ainda bem! Agora estou bem mais tranqüilo! Tenho certeza que o Chavinho vai se lembrar de todos os desjejuns que eu dei para ele na infância!

– ...e vai se lembrar dos cascudos também!

Seu Madruga engole em seco.

– Melhor procurar um asilo por aí! – e vai saindo de fininho.

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“As volta dos que foram e ficaram” – parte 4

Toca a musiquinha. Mostra o primeiro pátio da vila.

Nele, o mesmo palco da Festa da Boa Vizinhança já está preparado. Logo depois a câmera vai andando e mostra o segundo pátio. E, finalmente, a câmera mostra o terceiro pátio da vila que nunca foi mostrado no seriado! Lá, uma das casas tem o número 8 estampado na porta.

E é dessa porta que o Chaves sai. Chiquinha aparece.

– Chaves! – diz ela, sorrindo. – Eu fiquei sabendo da novidade! Quer dizer que você será o novo dono da vila?!?

– Oh, eu? – ele sorri. – Não, não! Quem vai ser o novo dono da vila é o Cent, meu irmão mais velho.

Chiquinha faz cara de dúvida. – Quem?!?

– Ora, o Cent! Você não sabia que eu tenho um irmão mais velho chamado Cent?

– Pois você nunca me contou!

– Nunca contei?

– Não! Alias é com ele que você morava?

– Isso, isso, isso! – Chaves levanta a cabeça, como se estivesse se lembrando do seu triste passado. – Quando eu e ele ficamos órfãos, nós fomos para um orfanato. Mas assim que ele completou dezoito anos resolveu sair de lá junto comigo. Ele me trouxe aqui para a vila e cuidou de mim.

– Engraçado, Chaves. Eu nunca vi esse seu irmão na vila antes.

– É porque ele trabalha muitississississíssimo! Por isso praticamente nunca ninguém viu ele! Nem o senhor Barriga quando vinha cobrar o aluguel, pois o Cent deixava o dinheiro num envelope em cima da mesa só para o seu Barriga pegá-lo.

– Ah, é? Envelope com dinheiro? – Chiquinha faz cara de má. – Você REALMENTE devia ter me contado mais sobre esse seu irmão antes!

Risadas da “platéia”.

– Bom – continua Chiquinha. – Então quer dizer que o seu irmão é que comprou a vila?

– Sim! Mas nem por isso ele vai deixar de trabalhar muitissíssississíssimo! Na verdade ele acaba de sair da vila, para morar na cidade vizinha. Ele me deixou a vila como renda.

– Ah! Então agora vai ser você que vai cobrar todos os aluguéis!

– Sim!

– E certamente você não vai cobrar de mim, que sou sua amiguinha de infância, linda e bonita! Não é, Chavinho? Coisinha fofa! – a garota arruma o paletó do Chaves. – Mas que senhor tão distinto você é hoje, pois é, pois é, pois é!

– Bom... bom... – Chaves alarga os seus suspensórios. – Tudo bem, mas com uma condição! Que eu possa desjejuar todos os dias na sua casa durante toda a sua vida, durante todos os seus desjejuns!

– Espere aí, Chaves! Mas agora você vai ganhar dinheiro, não vai? Por que precisa vir desjejuar na minha casa?

– Dinheiro? Eu já combinei com a dona do 31 que vou almoçar todos os dias na casa dela, com a Pópis que vou cortar o cabelo e fazer a barba de graça todos os dias no salão dela, com os Martines vou jantar todos os dias na casa deles e assim substancialmente!

– Hah! – Chiquinha faz cara de riso. – Agora eu entendi! E no fim todos na vila vão ficar felizes e satisfeitos... Ah, e a propósito, Chavinho. Como você combinou o pagamento do aluguel com o Quico?

Nesse instante chega o Quico, trazendo a sua bola numa mão, e seu triciclo e um carrinho na outra. E carregando por um fiozinho um caminhãzinho com outros brinquedos dentro.

– Aqui está, Chaves. – diz Quico. – O aluguel deste mês.

– Chaves?!? – espanta-se a Chiquinha. – Você pediu brinquedos para o Quico? Mas você nem é mais criança!

– Ora, os brinquedos não são para mim, são para crianças que não têm brinquedos!

Chiquinha e Quico ficam com cara de quem se sente mal com o próprio egoísmo. Toca uma música não triste, mas uma que parece estar encerrando um filme sobre o natal. Chaves, em silêncio, carrega os brinquedos e sai do terceiro pátio. Quico e Chiquinha suspiram, comentando:

– Como o Chaves é generoso! –diz Quico. Ele e Chiquinha vão andando pelos pátios da vila. – E pensar que anos atrás ele implorava para brincar com os meus brinquedos!

– O mundo é triste! – diz Chiquinha. – Mas ainda bem que existem pessoas como o Chaves que...

Quando chegam no primeiro pátio, vêem o Seu Madruga e Chaves colocando os brinquedos numa espécie de palco e vendendo rifas! As pessoas sentadas nas cadeiras improvisadas de frente para o palco compram algumas. Seu Madruga.

– Rifas! Rifas baratinhas! Rifas de nomes! Aposte no nome do seu filho e ele pode ganhar um destes lindos brinquedos! Somente um Peso cada rifa! Bem baratinhas!

– CHAVES!!! – grita Quico, indignado. – Você não disse que os brinquedos eram para as crianças quem não tinham brinquedos?!?

– E é mesmo! – diz Chaves. – Depois que elas ganharem a rifa vão ter um brinquedo.

– Ora, seu...!!! – Chiquinha também se irrita. – Eu pensei que você fosse dar os brinquedos de graça!

– Não é o que você está pensando. O dinheiro dos brinquedos vai para um orfanato. Afinal antes de um brinquedo, as crianças precisam comer.

– Ah, bom! – diz Quico, mais aliviado. – Mas escuta, Chaves. Para que você e o Seu Madruga estão preparando tudo isso?

Chega Dona Neves e Dona Clotilde carregando cestas. Lá dentro, fitas coloridas. Elas começam a enfeitar a vila.

– Ora, para quê... – diz Dona Clotilde. – Para a festa de despedida da sua mãe.

– Vai ser uma festa de arromba! – diz Dona Neves.

Nisso chega o Godinez, com sua bicicleta.

– Cheguei na hora certa? – diz ele.

– Sim, Godinez! Sim! – diz Seu Madruga. – Chegou na hora exata de nos ajudar com o trabalho pesado!

Godinez faz uma cara meio decepcionada e vai dando meia-volta com a bicicleta. Mas nisso ele exclama.

– Vejam! Aí vêm os noivos!!!

Toca o tema da Dona Florinda e do Professor Jirafales. Ambos vem entrando na vila. Todas as pessoas começam a jogar arroz para os noivos. Tudo é felicidade! Mas numa dessas Chiquinha joga um saco inteiro de arroz em Dona Florinda, que cai.

– “Ahem! Ohom!”. – faz ela. – Acho que esqueci de tirar o arroz de dentro do saco!

Toca a musiquinha. Fim desta cena.

Depois do intervalo, volta para o primeiro pátio. Todos estão presentes na festa, inclusive Nhonho, Seu Barriga, Pópis, etc. Seu Madruga faz um discurso em cima do palco.

– E é com imenso prazer que eu chamo ao palco uma das nossas moradoras mais queridas! Eu chamo Dona Florinda!!!

Ajudada pelo professor e pelo Quico, Dona Florinda sobe as escadas do palco. Todos a aplaudem. Ela começa a falar.

– Antes de mais nada, quero dizer que estou muito feliz com a festinha que fizeram para mim!

Aplausos.

– Que me alegro com o calor humano que vocês demonstram para comigo!

Mais aplausos.

– E principalmente, estou muitíssimo feliz em finalmente me ver longe desta gentalha!

As pessoas iam começar a aplaudir, mas param.

– Hã... digo... digo...

– Bem, bem! – Seu Madruga sobe ao palco. – Estamos muito felizes em ver que, embora a senhora vá se mudar para um lugar de mais classe, o seu “carinho” para com a nossa vila não mudou em nada! – Dona Florinda faz uma cara meio indignada, mas agradece e sai do palco. – Bem, agora, teremos mais uma homenagem à nossa querida moradora! Eu chamo até o palco o filho dela, Quico!

Quico, sentado ao lado de Pópis e Ginna, leva um susto. – Eu?!? Mas... mas eu não pensei em nada! Não tenho nada preparado!

– Calma, Quico! – diz Pópis. – Não vai ser tão difícil assim!

– Claro! Você deve pensar como a sua mãe deve estar se sentido em deixar a vila. – diz Ginna. – Este deve ser o dia mais feliz da vida dela!

Bem devagar, Quico vai ao palco. Todos o aplaudem. Ele pigarreia. – Bem, então já que me chamaram, farei uma homenagem à minha mãezinha recitando meu poema “Mamãe Querida!”.

Chiquinha, Chaves, Nhonho e Godinez, sentados na primeira fila, suspiram. – Ah nãããão!

– Lá vai! – Quico limpa a garganta. – “Mamãe querida! Meu coração por ti bate...”

– ...como sinos de Chocolate! – Chiquinha e os outros riem.

– Essa não! – Quico já fica bem indignado logo de cara. – Não vai ser tudo aquilo de novo! Como na última festa da Boa Vizinhança!

– Fique calmo, Quico! – diz Seu Madruga. – E vocês quatro aí, não têm vergonha? Já são adultos! São pessoas corretas! Vão ficar com essas brincadeiras infantis?

– E essa poesia ridícula não é infantil? – diz Chiquinha.

– Bom, posso prosseguir? – Quico continua. – “Mamãe querida! Meu coração por ti bate...”.

– ...como caroço da abacate! – diz Chaves, que ri logo em seguida com todos os outros.

– CHAVES!!! – berra Quico.

– Foi sem querer querendo! – ele alisa os suspensórios. – É que eu não resisti!

– Fique tranqüilo, Quico! – Seu Madruga fica na frente dos quatro. – Agora vou ficar de guarda para que nenhum deles ouse fazer uma só gracinha!

– Obrigado, Seu Madruga. – E ele recomeça o poema. – “Mamãe querida! Meu coração por ti bate...”

Ele pára de propósito. Olhando para todos. Como vê que ninguém o interrompeu, prossegue.

– “Mamãe querida! Meu coração por ti bate...!” – ele pára de novo. Olha para cima, tentando se lembrar do resto do poema. – Hã... “meu coração por ti bate...”. – pára de novo. Não consegue se lembrar. – Ele bate por... hã... bate... meu coração por ti... hã...?

Finalmente ele para de uma vez. Desce do palco. Vai pedindo licença para as pessoas sentadas. Chega até o muro, e... você já sabe!

– Arrrrrrrrrrrr!!!!!!

Dona Florinda vai atrás do filhinho.

– Oh, meu filhinho! A culpa é de toda essa gentalha!

– Ah! A culpa é desse bochechudo que até hoje chora que nem criança! – diz Chiquinha.

Todos começam a discutir. E discutir. Seu Madruga vai pedindo silêncio aos poucos.

– Silêncio, por favor! Silêncio! – todos se calam. – Bem, prosseguindo com as nossas homenagens à Dona Florinda, agora chegou a hora dos testemunhos dos seus vizinhos. Eu chamo ao palco a Bruxa do 71!

– Hã?!? – exclama a dita cuja.

– Digo... digo... eu chamo a senhorita Clotilde!

Todos a aplaudem. Dona Clotilde sobe ao palco com a ajuda do Seu Madruga. Começa a falar:

– Bem, o que tenho a dizer é que, sem a Dona Florinda, faltará à vila a presença constante de sua figura digna, de sua figura distinta! – a velha coroca fica se achando. – Sentirei muito a falta da sua elegância, dos seus conselhos, das suas...

– ...rugas! – solta Chiquinha.

Seu Madruga a repreende. – Chiquinha!!!

– Oh, tem razão, papai! A bruxa não vai sentir falta das rugas da Dona Florinda porque já tem as dela.

– COMO DISSE?!? – gritam as duas.

– Chiquinha! Por favor! – diz Seu Madruga.

– Ah... enfim! – continua Dona Clotilde. – Sentiremos muito a sua falta!

– Muito obrigada! – diz Dona Florinda.

A bruxa desce do palco e todos aplaudem. Eis que vem Dona Neves subindo no palco.

– Tche, tche, tche! – ela ri. – Muito bom, minha biscaneta! – sobe ao palco. – “Ahem!” Bem, faço minhas as palavras da senhorita Clotilde! Muita coisa faltará à vila sem a Dona Florinda, e devo acrescentar mais! Também faltará à vila o seu mau-humor, a sua arrogância, a sua...

– O QUÊ?!? – grita Dona Florinda.

– Vovozinha, por favor... – implora Seu Madruga.

– Ah, mas como você é chato, Madruguinha! Não quer deixar uma pobre anciã se divertir?

– Mas ele está deixando! – diz Chaves, de repente. – Para que ele fez toda essa festa para a Dona Florinda?

Mais uma vez, a velha coroca se irrita. Seu Madruga grita com ele. – Chaves!!!

– É que me escapuliu...

– Bom, já chega! – continua Seu Madruga. – Já falou tudo o que precisava, vovó! Muito bom! Agora vamos chamar ao palco o Senhor Barriga!

Aplausos. O velho gordo levanta da cadeira e vai se aproximando do palco. Nhonho incentiva. – Vai lá, papi! – Seu Barriga sobe no palco.

– Bem, o que tenho a dizer sobre Dona Florinda? – ele começa. – Apenas elogios! Uma mulher digna, que nunca deixou faltar o aluguel, ao contrário de certas pessoas... – ele olha para o Seu Madruga, que pigarreia. – Uma pessoa honesta, ao contrário de certos farrapos de gente... – olha de novo. – Uma mulher que nunca teve a intenção de ludibriar ninguém, escondendo dívidas do que quer que fosse! A única pessoa que realmente mereceria ficar nesta vila, diferente de muitos vagabundo por aí que sequer...

– Já chega, já chega! – interrompe Seu Madruga, subindo no palco. – Bem, agora chegou a vez do meu testemunho!

– Sim, papaizinho lindo, meu amor! – diz Chiquinha, aplaudindo muito.

– Ih, mamãe, se prepara para ouvir mais desaforo! – diz Quico.

– Muito pelo contrário, garoto! – diz Seu Madruga, batendo no peito. – Agora não é hora de despejar raiva, agora é o momento de perdoar! Sim, como todos sabem eu sempre fui vítima das injustiças da velha Maguila...

– COMO É QUE É?!?!? – grita Dona Florinda, levantando da cadeira.

Professor Jirafales tenta acalma-la.

– Dona Florinda, por favor! E o senhor! – dirigi-se para Seu Madruga. – Em que hora Dona Florinda cometeu qualquer tipo de injustiça para com o senhor?

– Todas as vinte e quatro horas do dia! – diz Chiquinha. – E isso já vai para mais de quinze anos!

– Chiquinha, cale a boca! – Seu Madruga tenta acalmar os ânimos. – Er, perdão, Dona Florinda! Como eu mesmo disse, agora não é hora para desafetos. Agora que a senhora está indo embora este é o momento...

– ...de comemorar!!! – diz Chiquinha.

– Ora, sua...!!! – Dona Florinda ia explodir de novo, mas Ginna a acalma.

– Dona Florinda, ela está certa! A senhora vai sair dessa vila de gentalha, é momento de comemorar!

Bastou isso para começar a discussão de novo. Todos discutem, e discutem, e discutem até que o Professor Jirafales tenta controlar a situação.

– Já chega, silêncio! Silêncio! SI-LÊN-CIO!!!

– ...agora que a velha carcomida vai se casar com o professor lingüiça... – diz Chaves, continuando sua frase.

– Tá, tá, tá, tá, TÁ!!! – dirige-se ao Chaves. – O que você disse?!?

– É que me escapuliu...

– Mas isso não é possível! – continua o professor. – Quinze anos se passaram e parece que tudo continua igual, sempre igual! Será que ninguém evoluiu nada? As mesmas brigas, as mesmas desavenças, nada mudou?!?

Todos baixam a cabeça ao mesmo tempo. Silêncio. O professor prossegue.

– Bem, vamos prosseguir então.

– De acordo! – diz Seu Madruga. –E creio que isso possa encerrar a nossa festinha de maneira bem positiva! Mirem-se no exemplo do professor lingui...

– Quê?!?

– Hã... digo... do Professor Jirafales! Vida nova! Para todos! Palmas para a nossa querida vila!

E todos batem palmas.

– Viva a nossa vila! Viva! – exclamam todos.

– Ah! – suspira Dona Florinda. – Sentirei falta daqui!

Close em todos os personagens, um por um. Mostra o clipe “Que bonita a sua Roupa” só que com uma nova letra (mais fiel à original) e com as crianças todas adultas.

Refrão: Que bonita vizinhança!

Que bonita vizinhança!

Tudo aqui é tão quebrado

Não vale nenhum centavo

Mas é bom de se morar! (repete)

Eu sou o famoso Chaves,

Todos dizem que minha roupa é só remendo

Faço muita traquinagem

Mas é quase sempre sem querer querendo

(refrão)

O bochechudo é Quico

Que metido e feio é esse pobre menino

A pequenina é a Chiquinha

De todos nós é a mais malandrinha!

(refrão)

O Professor Lingüiça

Vem à vila procurando casamento

Seu Madruga apanha

Dona Florinda sempre é o seu tormento!

(refrão)

A Pópis é muito... boba!

A Bruxa sempre andando com sua vassoura

O gordinho é o Nhonho

Como Seu Barriga são ambos bem redondos

(refrão)

Ao fim da música, todos pulam de alegria e se abraçam. Mas AINDA não acabou!

[lá vem o chaves... chaves... chaves... todos atentos olhando pra TV! lá vem o chaves... chaves... chaves... com uma historinha bem gostosa de se ver! COMERCIAIS]

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Eu lembro dessa fanfic. É a melhor que já fizeram. Eu lembro que o povo ficava todo ansioso pq o Chaves não aparecia nunca. :lol:

Fiz questão de reler. Aguardando o final. :)

Essa sim é uma pena que não tenham gravado na série. Dava até para aproveitar os atores. :P

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Opa! Fabão da velha guarda, hehehe! :D

Eis a última parte... mas NÃO ACABOU! Logo posto mais episódios!

A volta dos que foram e ficaram – parte 5 (final)

Música romântica.

Mostra uma linda igreja.

Os sinos dobram.

O tocador de órgão desliza seus dedos sobre as teclas.

Dona Florinda e Professor Jirafales estão ajoelhados diante de um padre. Este faz a pergunta.

– Aceita esse homem como seu legítimo esposo?

Diante do padre, Dona Florinda diz “Sim”! Olhando para o professor Jirafales. Quando iam se beijar ela escuta o Quico gritando “Mamããããããe!!!”

Ela acorda do sonho! Quico a chacoalha.

– Hã? Tesouro? Ah! Eu já acordei, tesouro! Mas o que foi?

– Ora, mãe! Está na hora do seu casamento!

– É mesmo! – ela sorri. – Vamos rápido para a igreja!

– Que igreja, mamãe? Não lembra que você deu um tapa na cara do padre quando ele lhe disse quanto ia custar toda a cerimônia? Fora os enfeites, o dinheiro dos músicos, o aluguel do...

– Ah, eu me lembro! – Dona Florinda faz uma cara triste. – E também me lembro que iremos celebrar meu casamento... urg!... aqui na vila!

– Pelo menos eu consegui um padre que não tem medo da senhora.

– O quê?

– Bem... depois que os boatos se espalharam...

– Sim, eu entendo, meu tesouro. Mas que padre irá celebrar o meu casamento aqui nesta vila?

Nisso, a porta da casa se abre. Aparece um padre de batina vagabunda e bigode branco. Dona Florinda o reconhece e toma um susto.

– Senhor Furtado?!?

– Ah, Dona Florinda! Há quanto tempo!

– Não me diga que o senhor virou padre?!?

– Ora, mamãe, que outro tipo de gente anda com roupas assim pela rua? – diz Quico, cruzando os braços.

– Bem, para falar a verdade, há quinze anos atrás eu sequer me imaginava como padre também! Mas depois de certas coisas que... bem... que ocorreram aqui mesmo neste vila eu decidi me converter. Agora sou um homem que zela pelos outros. Que ajuda os outros. E quando ouvi dizer que uma senhora moradora desta vila não tinha condições de pagar por uma cerimônia dentro da igreja eu decidi vir até aqui e prestar meus serviços. E fico muito feliz que seja a senhora, Dona Florinda!

– Mas tem certeza que...?

– Ah, mamãe! O que é que custa? Deixa o Seu Furtado celebrar seu casamento! É de graça! Diga que sim! Não seja mal! Anda, deixa! Siiiiiiim?

– Está bem! – Dona Florinda levanta do sofá. – Eu vou colocar o meu vestido. Tesouro, leve o senhor Furtado para fora.

– Sim, mamãe! – e os dois saem.

Nisso, mostra o palco da vila todo enfeitado com panos e flores brancas. Dona Neves, Dona Clotilde e Seu Madruga estão fazendo os preparativos. Todos os três estão bem arrumados. Chaves vem carregando uma caixa.

– Aqui estão mais flores para... – mas acaba levando um tremendo tropeção. Amassa todas as flores.

– Mas que diabos! – grita Seu Madruga. – Você destruiu as flores que eu tive tanto trabalho para recolher do jardim da vila vizinha! Hã... digo, digo... – Quico olha feio.

– Não se aborreça, senhor Madruga! – diz padre Furtado. – O mais importante é a celebração da união, não a decoração!

– De acordo, senhor! Bem, creio que logo tudo estará pronto.

– Espere! Ainda falta a Ginna. – diz Quico. – Eu e ela vamos ser os padrinhos!

Ginna vem chegando pelo portão com um lindo vestido.

– Ah, que pecado usar uma peça tão bela num lugar como este! – ela comenta, arrumando sua roupa.

– Amor, por favor! – sussurra Quico. – Não lembra do que o Seu Madruga falou sobre esquecer problemas, preconceitos...

– Ele falou para os moradores deste pulgueiro, não para mim! – a garota está irritada. – E eu só espero que fiquemos neste lugar por, no máximo, um mês! Você já conseguiu emprego?

– Ah, sim! Bem, não é uma coisa que se diga “Minha nossa! Que empregão tem esse bochechudo!”, mas é um começo! Logo vamos juntar dinheiro para comprarmos uma casinha num lugar melhor!

– Ótimo! E que emprego é esse?

– Malabarista de iô-iô! – Quico tira um iô-iô do bolso e começa a brincar com ele. Faz o famoso “ladrão”, em que joga o brinquedo para cima e este cai dentro do bolso. – A-há! Eu sabia que treinando sempre nesses últimos quinze anos eu ia conseguir fazer isso! Começo a trabalhar na rua amanhã mesmo!

Ginna leva a mão à testa. Nesse momento entra na vila o professor Jirafales. Vestido com um belo terno e com um cravo na lapela.

– Professor Jirafales, como está elegante! – diz Dona Neves.

– Obrigado! A senhora também está muito distinta!

– E o que tem a dizer do meu vestido, professor? – pergunta Dona Clotilde.

– É um belo vestido verde-água.

Dona Clotilde desmancha o sorriso. – Mas a cor dele é roxa...

Professor Jirafales encabulado. Chega Jaiminho na vila.

– Ah, Jaiminho! Que bom que chegou! – diz Seu Madruga. – Venha aqui me ajudar com esses enfeites.

– Como? – pergunta o velho.

– Me ajudar com os enfeites!

– Ah, eu prefiro evitar a fadiga...

Vem vindo Chaves. Carregando mais buquês. – Aqui estão, seu Madruga. As outras... – tropeça. Acaba com as plantas. Seu Madruga leva a mão a testa.

– Mais flores! – ele suspira.

– Ao contrário, menos flores... – sussurra Chaves.

Logo começam a aparecer mais pessoas. Todas bem vestidas. Chega Godinez em sua bicicleta, quase atropelando o Chaves.

– Calma, calma, rapaz! – diz Jaiminho. – Você é apressado demais! Faça como eu, evite a fadiga!

– Mas eu tenho que correr para entregar esta última carta na vila antes do casamento!

– Bem, e da onde é?

– Não sei, pois o número do apartamento está borrado. Não sei se é um seis ou um oito.

– E o que vai fazer agora?

– Vou jogar uma moeda. Se der cara, é no oito, se der coroa é no seis.

Joga a moeda.

– Cara! É sua, Chaves!

Chaves pega a carta e abre.

– É uma carta do Cent! Ele me enviou dinheiro para eu ir passando o mês.

– Que perigo, Chaves! – diz Godinez. – Seu irmão não sabe que é perigoso enviar dinheiro por carta?

– Ele tem razão, menino! – diz Dona Neves, se aproximando. – Deve cuidar melhor do dinheiro. Me dê aqui! – ela toma o dinheiro de suas mãos. – Eu cuido dele para você!

Chaves se aproxima de Godinez. – Você acha que a Dona Neves vai cuidar do meu dinheiro?

– Oh, ela vai cuidar muuuuuito bem!

– Atenção! Atenção! – diz Seu Madruga. – Vamos nos preparar! A cerimônia já vai começar! Chaves, pode começar a tocar!

– Sim! – diz Chaves, que tira um xilofone de brinquedo de trás do palco e começa a tocar a Marcha Nupcial.

Seu Madruga abre a porta da casa da Dona Florinda, e eis que vem ela, vestida de noiva. Os dois dão-se os braços e caminha até a parte da frente do palco. Padre Furtado diz.

– Por favor, ajoelhem-se!

O casal se ajoelha. O padre repete o pedido.

– Professor, por favor, ajoelhe-se!

– Já estou ajoelhado.

– Hã... – sussurra Padre Furtado, pois o professor está na mesma altura que ele. – Bem, vamos dar início à cerimônia! Se alguém aqui tem algo contra esse casamento, que fale agora! Ou cale-se para sempre!

Chaves levanta a mão. Todos exclamam: - Ooohhhh!!!

– Chaves?!? – espanta-se Padre Furtado. – Você é contra esse casamento?

– Não, não. O senhor só me dá licença de ir ao banheiro?

Todos suspiram. Chaves vai correndo até o banheiro. Toca a musiquinha.

Volta para a cena do casamento. Padre Furtado falando:

– ...a celebração da união destas duas almas gêmeas significa a constituição de um lar, de uma família para viverem juntos, amando um ao outro, respeitando-se mutuamente...

– Que droga... – murmura Ginna. – Quando isso vai acabar?

– Fique tranqüila! – Quico a acalma. – Já devem estar na metade. E prometo que o nosso casamento vai ser bem mais rápido.

Ginna meio que toma um gelo. – Não precisa se apressar tanto!

– Apressados? – o moleque não entendeu direito. – Não, não! Na verdade estão se casando bem tarde! Será que ainda há tempo de eu ter meio-irmãos?

– É mais fácil você ter meio-netos!

Pópis escuta e sussurra para o primo. – Conta tudo para sua mãe, Quico!

– ...as alianças, por favor! – diz o padre.

Professor Jirafales procura as alianças pelos bolsos. As encontra. Pega na mão da Dona Florinda.

– Jirafales! Você aceita Florinda Corcuera Vidialpango como sua legítima esposa, para amá-la e respeita-la, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza até o fim de suas vidas?

– Sim! – e coloca a aliança no dedo dela.

– Florinda Corcuera Vidialpango, você aceita Jirafales como seu legítimo esposo, para amá-lo e respe...

– Sim!

– Hã... como eu ia dizendo, para amá-lo e respeita-lo, na alegria e na...

– Sim, sim!!!

– Oh, está bem! Eu os declaro marido e mulher!

Todos aplaudem e, finalmente, ocorre o esperado beijo! Todos comemoram, jogam arroz no casal. Quando uma saca imensa de arroz bate na cabeça de Dona Florinda.

– “Ahen! Ohom!” – faz Chiquinha. – Esqueci de tirar o arroz de dentro do saco de novo!

Mas isso não é suficiente para estragar a alegria dos dois. E ambos saem da vila. Lá fora, uma limosine está esperando ambos. Eles se vão. Enquanto todos estão se despedindo do carro, que já vai longe, Ginna pergunta para Quico.

– Quico, se sua mãe não tinha nem dinheiro para pagar um casamento na igreja, como foi que ela conseguiu alugar uma limosine?

– Ah! Isso foi cortesia do Chaves!

– De quem?

– Do Chaves! – ele aponta para o dito cujo, que continua se despedindo. Ginna vai até ele.

– Por falar nisso, seu nome... é mesmo “chaves”? (“travesso”, em espanhol)

– Bom, é assim que todos me chamam, mas o meu verdadeiro nome é Roberto.

– Como?!? – dizem todos, que nunca ficaram sabendo daquilo. Formam um círculo em volta do Chaves.

– É verdade! – continua. – Meu nome é Roberto Gómez Bolaños!

E termina o episódio! Passa um vídeo-clipe com a vila durante a noite e a música “Boa Noite, Vizinhança”. Aquela do capítulo final de Acapulco.

Quantas vezes, como agora

A reunião se estendeu

Mas então chegou a aurora

E nos surpreendeu

As estrelas testemunham

Nosso amor e semelhança

Boa noite, meus amigos

Boa noite, vizinhança

Prometemos

Despedimos

Sem dizer, adeus jamais

Prometermos

Nos reunirmos

Muitas vezes mais

Boa noite, meus amigos

Boa noite, vizinhança

Todos entrando em suas casas e dando boa noite. Chaves ia se dirigindo até o terceiro pátio para dormir na sua casa, mas decide entrar dentro do barril, escondidinho atrás dos tanques. Ele olha para a câmera:

– Boa Noite, Vizinhança! – vai entrando no barril, mas antes, põe a cabeça para fora. – E se você quiser saber como continua a vida do pessoal da vila 15 anos depois, não deixe de ver os novos episódios, neste mesmo canal, nesta mesma hora. Isso, isso, isso!

E termina o episódio!

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Valeu, fabiano! :D

Eis aqui um novo capítulo do fanfic "15 anos depois!"

Estes aqui seria sobre um especial de natal!

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FANFICT DO CHAVES _ Quinze anos depois

Especial de Natal_ parte 1

Toca a música de abertura do episódio. Mostra a vila à noite.

Quico, adulto, carrega vários presentes nas mãos. Abre a porta de casa com dificuldade. Sorri ao entrar.

- Querida, cheguei!

- Que frase original... - diz Ginna, de costas. A garota está na cozinha, preparando uma massa na mesa. Quico se aproxima.

- Hmmm, que cheiro bom! É panetone?

- Sim... - diz Ginna, com cara de poucos amigos. – Já que você preferiu gastar todo o nosso dinheiro comprando presentes para a gentalha! E nem sobrou para nós comprarmos nossa ceia.

- Amor, não fique assim. Nós teremos uma ótima ceia! E nem precisamos levar nada de comida. Só os presentes.

- Quantos pacotes! - ela larga a massa na mesa. - Quanto você gastou?

- Hã... bem... quanto eu gastei?

- Sim, quanto custou essa montanhas de presentes?

- Oh, uma bagatela... eles... hã... quanto eu gastei?

- Sim! Quero saber até onde foi sua empatia com a gentalha!

- Imagine! Nem foi tanto... quanto eu gastei?

- SIM!!! - a garota berra.

- Ao todo... - Quico faz as contas nos dedos. - Foi... hã... quinhentos pesos.

Risos da platéia. Ginna abre a boca, pasma. Gesticula desesperada. Quando recupera o dom da fala, grita:

- Você gastou QUINHENTOS PESOS?!? Quando no nosso armário quase não tem farinha suficiente para fazer esse panetone?!?

- Amor, escute! Eu precisava. Acabo de voltar à antiga vila e quero agradar meus amigos. E, como eu já disse, só precisamos gastar com presentes. A ceia será feita no restaurante do Nhonho.

- Humphf! Pelo menos isso! Pelo menos a gentalha não vai entrar na minha casa para fazer sujeira.

Nisso, entra Chaves na casa dos dois. Ele tem um vinho nas mãos.

- Oi, Quico! Vim trazer...

Tropeça e a garrafa estoura bem no meio da sala.

- Meu tapete!!! - exclama Ginna.

- Foi sem querer querendo! - diz Chaves, alisando os suspensórios por baixo do terno.

- Tudo bem, Chavinho. Deixe-me ajudá-lo. - Quico o levanta. - Não quebrou nada?

- Só essa garrafa de vinho que eu ia dar para vocês.

- Oh, não se preocupe! Tenho certeza que vamos ter muito o que beber lá no restaurante do Nhonho!

- Mas antes disso, Chaves. - vocifera Ginna. - Trate de pegar uma pá e uma vassoura e juntar esses cacos!

- Sim. - diz Chaves, obediente. - Posso entrar na cozinha para pegar a vassoura?

- Oh, Claro! - diz a garota. - Mas fique avisado que os talheres estão contados.

Chaves fica irritado. - Pois fique sabendo que eu não sou nenhum “roubão”! Que roubar é algo que eu nunca fiz e nunca mais tornarei a fazer!

Risos da platéia. Chaves vai até a cozinha pegar a vassoura. Quico fala:

- Não se preocupe, querida. Eu e Chaves vamos dar um jeito aqui na sala. E você já pode ir se arrumar. Já está quase na hora de sairmos.

- Oh, tenho medo do “jeito” que vocês pretendem dar na sala! – Ginna vai saindo. – Ok, mas tomem muito cuidado! Eu não quero mais estragos aqui na minha...

Nisso, Chaves chega da cozinha com a vassoura nas mãos, sem querer esbarra o cabo dela num vaso e ele se espatifa. Ginna olha feio e Chaves fica sem jeito.

Corta a cena, mostra a rua principal em frente à vila toda enfeitada com luzinhas. Mostra o restaurante, com a placa "Rica Pancita e Hijo Restaurant" E embaixo uma outra placa pendurada na porta "Cerrado en Navidad".

Lá dentro, Seu Barriga e Nhonho preparam uma grande mesa. Cheia de comilança. Seu Barriga está enfeitando uma bonita árvore de natal. Pára um pouco e estica as costas.

- Ufa! Acho que já está tudo pronto!

- Ainda não, papai. Falta pegar minhas preciosidades lá na adega. O melhor vinho que todos já provaram!

- Calma, Nhonho. O restaurante mal abriu e você já está esbanjando? Não era assim que eu cuidava das finanças da casa.

- Fique tranqüilo, papi. Vai dar tudo certo! E não vamos ter grandes despesas.

- Por falar em grandes despesas, você já recheou o peru?

- Ih! Esqueci lá em casa! - ele bate na testa e se dirige para fora. - Mas já vou buscar.

- Aproveite, Nhonho, e pegue também mais alguns enfeites para... - Seu Barriga interrompe o discurso ao ver Nhonho sair correndo, sem nem lhe prestar atenção. - Que diabos! Nhonho! - ele reclama, saindo pelo restaurante e gritando. - Você não tem ouvidos?!?

Mas bem nessa hora chega Seu Madruga, que escuta bem de perto o grito.

- Ter eu tenho, mas este aqui já ficou surdo! - o velho acaricia a orelha.

- Perdão, Seu Madruga! Eu queria falar com meu filho...

- Ah, eu vi ele saindo agora mesmo.

- Escute, Seu Madruga, ainda está muito cedo. Por que veio tão adiantado?

- Bem, na verdade eu vim ver se posso ajudar em alguma coisa. Afinal já que não posso colaborar com presentes ou com a ceia então pelo menos vim oferecer minha mão de obra.

- Não precisava se incomodar, Seu Madruga! Mas já que é assim, o senhor poderia terminar de colocar os enfeites na árvore de natal? Minhas costas doem.

- Com toda a barriga, senhor rapidez!

- Quê?

- Digo, com toda a rapidez, Senhor Barriga!

Enquanto Seu Madruga vai entrando, chega a Chiquinha. Ela vem vestida com um Tailleur verde e sobre os ombros a velha blusa vermelha.

- Boa noite, Chiquinha. - diz o gordo. - Veio ajudar?

- Oh, sim! Talvez eu possa dar uma mão na cozinha.

- Bem, neste caso não será necessário, pois tudo já está quase pronto. E sua bisavó?

- Ela voltou para o interior. Diz que nesta época do ano a vila é muito gelada para ela. Uma pena! Queria passar o natal com minha bisavozinha.

- Mas você certamente não se sentirá só. Além de mim, do Nhonho e do seu pai também virão o Chaves, o Quico, a Ginna, a Dona Florinda e o Professor Jirafales.

- A Dona Florinda vem aqui?!? Mas eu pensei que ela nunca mais ia voltar para a vila!

- Por isso estamos fazendo esta festa aqui no restaurante, não na vila.

- Chiquinha! - diz Seu Madruga, de repente. - Pode me ajudar aqui? Segure esta escada para eu terminar de colocar os enfeites na árvore.

- Sim, papaizinho lindo, meu amor. - ela vai segurar a escada. Olha para ela com desconfiança. - Escuta, papai. Não é perigoso esta escada quebrar quando o senhor subir no último degrau?

- Imagine, filhinha! Se agüentou até o Senhor Barriga, por que não ia...

- O quê?!? - o gordo fica indignado.

- Digo... digo... é claro que não vai quebrar com o meu peso!

- Peso? – pensa a garota. – Ah, é verdade! Me preocupei a toa.

Desconfiado, Seu Madruga murmura - Que será que ela quis dizer?

O velho vai pendurando as últimas bolas de natal. Chiquinha com outro olhar de desconfiança.

- Ouça, papai. Você não vai deixar cair nenhuma dessas bolas de natal?

- Você acha que eu sou algum tonto?

- Por que acha que eu tô perguntando?

Risos da platéia. Seu Madruga faz cara feia. Chiquinha:

- "Ahem! Ohom!" Digo... claro que o senhor não vai derrubar nada, papaizinho lindo, meu amor!

Chiquinha se afasta. Nisso, vem chegando a Bruxa do 71.

- Boa noite, Dona Clotilde. - diz o Senhor Barriga.

- Boa noite! Eu trouxe este pavê para nossa ceia.

- Que ótimo! Pode colocar sobre a mesa!

A bruxa vai se aproximando da mesa, mas passa perto da árvore e o Seu Madruga deixa cair duas bolas de natal no pavê. O creme espirra na cara da velha.

- Mil perdões, dona Clotilde! Espero não ter estragado a sobremesa.

- Humpfh! - faz a bruxa. - Tire essas porcarias do meu pavê!

- Claro, claro! - Seu madruga tira as bolas de vidro. - Oh, mas que belo pavê! Agora me diga, é "pavê" ou pra "comê"? Hehehehe!

Todos riem da piadinha infame. Seu Madruga, com os dedos sujos de creme, vai lambe-los quando Chiquinha impede.

- Não, papi! A bruxa do 71 pode ter colocado algum feitiço aí!

- O quê? - diz Clotilde. - Não é possível! Há mais de quinze anos que você me chama de bruxa!

- E acredita, papai, que ainda não consegui convencê-la?

Risos da platéia.

[lá vem o chaves.. chaves... chaves.. todos atentos olhando para a TV! Lá vem o chaves... chaves... chaves... com uma historinha bem gostosa de se ver! COMERCIAIS]

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Cara, gostei muito da história. Creio Que 15 anos depois é muito tempo, mesmo assim os personagens não ficariam tão velhos quanto a história passa ao leitor. Outra coisa, acho que a história ocorreu muito rápido. O mistério do Chaves até que foi bem legal, mas acho que o seu madruga não deveria ter aparecido neste episódio, nem ao menos a pópis morando na vila, dando mais ar de "dorama" a trama. Mas vc tá de Parabéns, isso é apenas uns toques para que fique mais profi! rsrs

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Valeu pelas dicas, Chillian! :D

... obrigada, Thais! mas não é rapazinho não... é mocinha, viu? hehehe! :muttley:

Eis aí a segunda e a terceira e última parte do especial de natal! Logo teremos mais capítulos!

.............

FANFICT DO CHAVES _ Quinze anos depois

Especial de Natal_ parte 2

Volta a cena do restaurante e já está tudo quase pronto. Seu Barriga e Chiquinha dão os últimos retoques na mesa, enquanto esta última canta:

- Jingle Bell, jingle Bell, acabou o papel! Não faz mal, não faz mal, usa o bidê! Conta de água tá alta...

Nisso, chega o Nhonho com um grande embrulho nas mãos.

- Aqui está, papai! O peru!

- Já era hora! Coloque-o no forno que os convidados já estão chegando.

Nisso chega o Professor Jirafales e Dona Florinda muito bem vestidos.

- Ah, boa noite, Dona Florinda!

- Muito boa, Senhor Barriga! Mas que linda mesa o senhor preparou!

- Realmente digna de elogios. - diz o professor.

- Imagine! É só qualquer coisa! - diz Seu Barriga, modesto.

Logo, Ginna chega carregando um pequeno embrulho e Quico atrás carregando uma montanha de presentes.

- Olá, Senhor Barriga! - diz Quico, colocando os pacotes no chão e olhando para a mesa. - Minha nossa! Que ceia maravilhosa!

- É só qualquer coisa! - diz Seu Barriga.

- Esta será nossa bela árvore de natal? - pergunta Ginna, olhando para a árvore.

- É só qualquer coisa! - repete Senhor Barriga.

- De fato, mas é melhor que nada. - diz a garota.

Seu Barriga desmancha o sorriso. Quico puxa a namorada para um cantinho. Conversa com ela.

- Meu amor, procure se controlar. Por favor! Eu sei que não era essa a festa que você queria, mas tente entender. Eles estão fazendo o melhor que podem! Não tem pena desses farrapos que mal têm dinheiro para colocar comida em casa? Desses pobres desgraçados que não sabem a diferença entre um Chandeau e um Perlage? Dessa gentalha que nunca na vida vai saber que não se limpa a boca na toalha de mesa?

- Falando assim dá gosto comemorar o natal com eles! - diz a garota, com uma careta.

- É assim que se fala, meu bem! - diz Quico, beijando-a. - Agora fique firme que eu vou pegar esses pacotes aqui e colocar embaixo da árvore... nossa!!!

- O que foi, tesouro? - pergunta Dona Florinda.

- Eu esqueci um dos presentes. Esperem aqui que eu já volto...

- Oh, não, Quiquinho lindo, meu amor! - diz Chiquinha. - Você já se cansou tanto carregando todos estes presentes! Pode deixar que eu vou buscar lá na sua casa! Só me dê o dinheiro do ônibus.

- Certo. - Quico põe a mão no bolso e dá dinheiro para Chiquinha. Mas logo se toca. - Espere aí, mas você não precisa tomar um ônibus. Nossa vila é aqui do lado!

- Eu sei.

- Então por que pediu o dinheiro do ônibus?

- É que eu estou economizando para comprar um.

Risos da platéia. Mas Ginna não acha a menor graça.

- Era só o que faltava, essa gentalha começar a roubar da gente! - ela tira o dinheiro das mãos da Chiquinha.

- Ei, isso não é justo! - diz ela.

- O que não é justo é uma dama da alta sociedade como eu vir comemorar o natal nesse tipo de lugar! Hah! Não falta mais nada acontecer!

Nisso, Chaves entra correndo com um garrafão de vinho nas mãos. Para variar tropeça de novo e a tampa da garrafa cai. Um vinho de ótima pigmentação voa no vestido de Ginna.

- Meu vestido!!! - grita a mulher, encharcada de vinho.

- Oh, mas que barbaridade, dona Ginna! - diz Chiquinha, se aproximando. - E o Chaves fez de propósito! Pois é! Pois é! Pois é!

- É mentira! - Chaves se levanta. - Eu estava trazendo esse vinho para nós comemorarmos o natal!

- O que me interessa a sua intenção?!? - a garota está revoltada. Vai indo embora. - Não agüento mais! Quico, fique VOCÊ no meio desta gentalha! Eu vou para casa tomar um banho e passar o natal na minha cama! E se Deus quiser vou passar o ano-novo bem longe daqui!!!

- Mas meu amor! - Quico vai atrás dela. - Mas meu amor, espere! Espere! - mas ela já se foi.

Quico volta para dentro do restaurante, cabisbaixo. Todos sentem o climão. Dona Florinda chega perto dele.

- Não foi sua culpa, meu tesouro! Tenho certeza que Ginna vai entender e acabará voltando.

- Não sei, mamãe... - ele coça a cabeça. - Na verdade... na verdade eu e ela não estamos indo muito bem.

- Mas isto não pode acontecer, Quico! - diz o professor. - É natal! Vocês não podem terminar assim!

- Mas receio que é isto que acontecerá! - o rapaz suspira. - E o pior é que eu amo muito ela...

Nhonho, Chaves e Chiquinha se aproximam do amigo. O consolam.

- Desculpe, Quico. - diz Chaves. - Foi sem querer querendo...

- É... - murmura Chiquinha. - Se houvesse uma forma de... - a pintadinha se ilumina. Teve uma idéia. - Já sei!

Ela vai até Chaves e Nhonho e começa a cochichar no ouvido de ambos. Logo os três se animam.

- Zás! Zás! E a gente consertava tudo! E o natal era salvo! E zás!

- Quico, não vamos deixar o seu natal terminar assim! - diz Chiquinha, para o amigo.

- Pode deixar que vamos dar um jeito! - diz Nhonho.

- Mas como? - pergunta Quico, sem esperança. - De que maneira?

- Espere e verá! - diz Chaves. E logo ele, Chiquinha e Nhonho dão risadinhas.

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FANFICT DO CHAVES _ Quinze anos depois

Especial de Natal_ parte 3

Toca uma musiquinha triste.

Mostra a vila toda escura. Pode-se ouvir ao longe o riso de pessoas felizes em suas casas.

Ginna aparece, torcendo o seu vestido todo sujo de vinho. Ela pára no meio da vila e fica observando as janelas das casas. A garota parece triste. Mas por fim suspira e comenta "gentalha"! E vai para sua casa.

Ela entra. A casa está escura. Sobre a mesa da cozinha o panetone que ela havia preparado para ela e para o Quico. Tira os saltos. Olha para o sofá e vê um pequeno embrulho. Quando vai ver, é o presente dela.

- E foi justamente o meu presente que Quico esqueceu para favorecer essa gentalha!

Ela entra no quarto para trocar de roupa.

Nisso, três vultos aparecem na vila. Nhonho, Chiquinha e Chaves. Estes estão usando roupa branca, cinza e negra respectivamente. Nhonho, indo na frente, dá passinhos para o lado. Chiquinha também dá passinhos para o lado. Chaves também.

Logo depois, Nhonho dá três passos para a direita. Chiquinha dá três passos para a direta. Chaves também. Por fim, Nhonho se agacha embaixo da janela da casa. Chiquinha se agacha embaixo da janela da casa. Chaves também, mas acaba dando um encontrão em Chiquinha e os três caem no chão.

Fazendo todos "shhhh!" eles observam a casa. Conversam entre si.

- Vocês entenderam tudo, não é? - diz Chiquinha, aos sussurros. - Pois bem! Primeiro vai o Nhonho, depois vou eu e pro último o Chaves!

- Ótimo! - diz Nhonho, esfregando as mãos. - Vamos mostrar a essa metida o que é espírito natalino!

- Isso, isso, isso!

Nhonho abre a porta da casa lentamente. Entra e se esconde na escuridão. Ginna aparece na sala, agora com uma camisola e com um copo de água nas mãos. Nhonho, rapidamente, se agacha próximo ao sofá.

A garota suspira. Senta no sofá, mas acaba, sem querer, sentando no Nhonho. Ela percebe a diferença.

- Minha nossa, esse sofá da Dona Florinda é mesmo macio, heim? - ela dá uns pulinhos. - Parece ter sido feito com banha de baleia.

- BALEIA UMA OVA!!! - grita Nhonho.

Ginna dá um berro e joga a água na cara de Nhonho, que faz uma careta. A garota fica contra a parede. Na escuridão, não reconhece o gordo.

- Quem... quem é você?!? - diz ela, em desespero.

- Oh! Ah sim, “ahem”! – pigarreia. – Eu sou o fantasma do natal passado! - diz Nhonho, com voz mudada.

- Fan... fantasma... do... do...!!! - ela expressa pânico, mas logo muda sua expressão para dúvida. - Mas o que diabos é isso?

- Não sabe o que é o fantasma do natal passado? - diz Nhonho, cruzando e descruzando os braços. - Bem, eu vou lhe dizer! Minha tarefa é vir aqui para lembrá-la dos natais que você passou em sua infância!

- Olha, não seria má idéia relembrar deles agora. - diz a garota, mais calma. - Pois o meu natal de hoje está uma droga!

- Sei. - Nhonho se aproxima dela. - Imagino que uma moça de família importante como você deve ter passado vários natais fartos! Cheios de comida e com muito luxo.

- Mas é claro! - diz Ginna, soberba. - Eu sou da família Pires Cavalcanti! É claro que meus natais eram luxuosos!

- E você era feliz neles?

- Mas que pergunta! Lógico que eu era feliz!

- Tem certeza? Não duvido que havia muita comida, muitos presentes caros e tudo o mais. Mas você tinha alguém realmente querido para passar o natal?

- Ora, eu passava com os meus pais, com minhas irmãs...

- E como era?

- Bem... - a garota começa a se lembrar. - Eram bons... exceto por... Hã... Lembro que minha mãe não me deixava brincar porque eu ia estragar o meu vestido novo e limpo. Minhas irmãs mais velhas sempre recebiam todos os presentes que eu queria, pois como eu era mais nova só recebia coisas de criança. Meus primos debochavam de mim, dizendo que os presentes deles eram melhores que os meus. E meu pai vivia dizendo para eu não comer muito, pois não queria ter uma filha gorda para mostrar para a sociedade.

- É, eu sei como é ter de fazer dieta... - Nhonho pára um instante. - Hã, digo... digo... bem, então apesar de todo o luxo os seus natais não eram tão felizes assim, não é?

- Bem... não.

- Ah! Era isso que eu queria ouvir! Agora, com licença...

Nhonho vai saindo. Se atrapalha com suas longas roupas brancas e cai pela janela. Ginna toma um susto e vai ver do lado de fora da janela. Nisso, Nhonho já se escondeu embaixo do tanque. Chiquinha e Chaves escondidos na escada. Sem ver mais ninguém, Ginna simplesmente fecha as cortinas.

Lá fora, Nhonho sai devagar, sentindo dor nas costas e gemendo um pouco. Chiquinha parece irritada.

- Será possível? - ela sussurra. - Quase colocou tudo a perder! Bem, agora fiquem os dois aí que é a minha vez!

Dentro de casa, Ginna parece preocupada. Tem medo que aquele fantasma volte. Nisso, Chiquinha vai chegando sorrateira, depois de pular a janela com cuidado. Chega bem atrás de Ginna e fala:

- O que você está fazendo aqui?

A garota toma um susto maior ainda. - AHHHHH!!! - cai sentada numa cadeira. Também não reconhece a Chiquinha. - Quem é você?!?

- Sou o espírito do natal presente!

- Não quero saber de natal! - diz a garota, amedrontada e enérgica. - Todos os meus natais foram uma droga! Não está vendo este?!?

- Não estou vendo nenhum natal aqui. Apesar desse panetone. - Chiquinha pega de cima da mesa uma fatia de panetone caseiro. - Mas estou vendo que é panetone demais! Não devia compartilhar isso com alguém?

- Bem, era para mim e para o Quico. - diz ela. - Mas não deu certo. Ele insiste em comemorar o natal com a gentalha, e isso eu não quero!

- Por quê? O que a gentalha tem de tão ruim? Tá certo que tem o tonto do Chaves que derramou vinho em... digo...digo... bem, tá certo que tem uns idiotas no meio, mas entre eles há uma pessoa que gosta muito de você!

- Oh... é o Quico?

- É claro! E também a sua sogrinha! E não apenas eles, todos os outros gostam de você!

- Todos? - Ginna reflete. – Aquela gentalha gosta... de mim?

– Ah! Se a gente agüentou até a velha carcomida... digo... ora, mas é claro que gostam! Além disso estamos no natal, data em que todos se gostam e se querem muito! E as pessoas aqui da vila também te querem bem.

– Todos mesmo? Até... aquela tal de Chiquinha?

- Bem, não é uma coisa que se diga "Minha nossa! Como a Chiquinha gosta da Ginna! Como as duas se dão bem, oh!" mas ela também tem apreço por você!

- Hã... bem, eu...

- Bem, era só isso. - Chiquinha pega mais um pedaço de panetone. - Agora eu vou indo! - e desaparece na escuridão.

Ela chega lá fora, rindo.

- Ela está caindo! - comemora. - Bom, agora é sua vez, Chaves! E não vá fazer besteiras!

- Pode deixar! - diz ele, se aprontando. - Mas antes me dá um pedaço desse panetone?

- Anda logo! - Nhonho o empurra. O moleque vai.

Lá dentro, Ginna olha para a mesa vazia. Fica pensativa. Chaves vai entrando devagar, desta vez sem tropeçar. Ele chega até a garota, que toma o terceiro susto da noite.

- Ah! - ela leva a mão ao coração. - E você, quem é?

- Eu sou o espírito do natal futuro! E que, alias, está com uma fome... - Chaves pega um pedaço de panetone. - Bom, eu... eu vim aqui para avisá-la do que vai acontecer daqui para frente!

- Espero que seja boa coisa, porque tudo de ruim já aconteceu!

- Bem... - Chaves morde o panetone. - Se você sair da vila você vai voltar para a sua família, não é?

- Sim.

- E os seus natais... - Chaves come mais panetone. - Vão ser tristes como eram antes. Principalmente porque uma pessoa que te ama muito vai estar longe.

A garota suspira. - Quico!

- Isso, isso, isso! - diz Chaves, que pega mais panetone. - Eu acho que você devia voltar para ele.

- Mas e toda aquela gentalha! Aquela gente mal-educada! Eu... eu... não nasci para isso!

- Se sente mal com eles?

- Bem, perto deles até me sinto bem. Como uma deusa da beleza no meio de um curral. Principalmente perto daquela maltrapilha da Chiquinha.

Chiquinha e Nhnho estão olhando pela janela, a garota ouve a frase de Ginna e fica irritada.

– Bom, mas de qualquer modo eles não são tão ruins, não é mesmo?

– Bem... – a garota pensa um pouco. – É! De fato! Passar o natal com eles até que não seria tão ruim. - continua Ginna. - Se não fosse aquele idiota do Chaves!

- Bom, mas... mas... ele faz tudo sem querer querendo!

- Mesmo assim ele é um desastrado!

- É que ninguém tem paciência com ele... - Chaves alisa seus suspensórios. - Bom, se você quiser ficar sozinha aqui, então fique! Mas devo lembrá-la, mais uma vez, que uma pessoa que te ama muito está te esperando.

Ginna pensa por um momento. Dois momentos. Três momentos. Até que seu rosto se ilumina.

- Sim! Eu voltarei para lá! Vou trocar de roupa!

- Isso, isso, isso! Enquanto isso eu vou levando esses panetones aqui que tão muito bons! - Chaves pega a bandeja e vai andando para fora. No entanto, acaba tropeçando de novo.

- O quê? - Ginna finalmente decide acender a luz. - Chaves?!? É você?!? - ela olha para fora. - Chiquinha! Nhonho! Então eram vocês!

- E a culpa de tudo é do Chaves! - diz Chiquinha, irritada.

- Foi sem querer querendo!

- Droga, tanto trabalho e não adiantou nada! - lamenta Nhonho. - Vamos embora!

- Um momento! - diz Ginna. Ela olha demoradamente para os três. Por fim sorri. - Não vão me esperar?

Os três sorriem. A garota vai se arrumar.

Volta para o restaurante. Quico continua cabisbaixo, apesar de Florinda, Jirafales, Clotilde, Seu Madruga e Seu Barriga tentarem consolá-lo. Nisso, Chiquinha, Chaves e Nhonho entram no restaurante. Logo em seguida vem Ginna. Quico se alegra.

- Meu amor! - ele a abraça. - Você voltou!

- Sim! - diz a garota. - Eu tinha que voltar.

- Agora você compreende melhor todos nós, não é? - diz Chiquinha.

- Claro! Como disse o meu Quiquinho, vocês não têm culpa de serem uma gentalha!

Quico se encolhe. Logo faz todos mudarem de assunto.

- Bem, bem, mas vamos para a mesa! Pois logo será...

Todos param. Ao longe, pode-se ouvir as badaladas dos sinos.

- Meia-noite! - comemora Seu Madruga! - É natal! Feliz natal para todos!

Todos se abraçam. Todos se confraternizam. Mas eis que todos sentem um cheiro de queimado.

- Essa não, o peru!!! - grita Nhonho, correndo para a cozinha.

- Calma, calma! - diz Jirafales. - Isso é o de menos!

- Tem razão! - diz Chaves. Tirando de dentro de um pacote uma garrafa. -Principalmente porque eu trouxe outra garrafa de vinho muito melhor que aquele outro...!

Adivinha! Chaves tropeça de novo e derrama vinho em Ginna outra vez. Fica climão. Silêncio. Por fim, Ginna apenas ri.

- Esse é o melhor natal da minha vida! - diz ela.

– Sim! – diz Florinda. – E não há nada melhor do que comemorar o natal com a família e os amigos!

– Isso, isso, isso! – diz Chaves. – Principalmente, porque no natal se comemora o nascimento do melhor dos amigos!

Começa a tocar uma musiquinha. A famosa musiquinha de natal "Ouça bem". Todos cantam!

Ouça bem, escute bem, pois ele quer amigos!

Ouça bem, escute bem, pois ele quer você!

Ouça, amigo. Ouça bem o que te digo

Busque a felicidade, busque Jesus

Ele é um companheiro, que será sempre sincero

Não há ninguém que seja como Jesus

Ouça bem, escute bem, pois ele quer amigos!

Ouça bem, escute bem, pois ele quer você!

Se está triste de verdade, é porque perdeu uma amizade

Então busque a melhor de todas, busque Jesus

Ele não te abandona, e suas falhas perdoa

Não há ninguém que seja como Jesus

Ouça bem, escute bem, pois ele quer amigos!

Ouça bem, escute bem, pois ele quer você!

Ouça bem, escute bem, pois ele quer amigos!

Ouça bem, escute bem, pois ele quer vocêêêêêêê!

- Feliz Natal!!! – desejam todos.

- Isso, isso, isso! – diz Chaves para a câmera.

Fim!

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Valeu José e Mestre linguiça! :D Aqui vão mais duas partes... o final posto logo!

...

– Digo... digo... eu chamo a senhorita Clotilde!

Todos a aplaudem. Dona Clotilde sobe ao palco com a ajuda do Seu Madruga. Começa a falar:

– Bem, o que tenho a dizer é que, sem a Dona Florinda, faltará à vila a presença constante de sua figura digna, de sua figura distinta! – a velha coroca fica se achando. – Sentirei muito a falta da sua elegância, dos seus conselhos, das suas...

– ...rugas! – solta Chiquinha.

Seu Madruga a repreende. – Chiquinha!!!

– Oh, tem razão, papai! A bruxa não vai sentir falta das rugas da Dona Florinda porque já tem as dela.

– COMO DISSE?!? – gritam as duas.

– Chiquinha! Por favor! – diz Seu Madruga.

– Ah... enfim! – continua Dona Clotilde. – Sentiremos muito a sua falta!

– Muito obrigada! – diz Dona Florinda.

Nesta parte poderia ter: "Sim, porque o amor é..."

ahuahuahuahuahua

Muito boa esta fanfic

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Valeu! :D

Agora um novo capítulo, começando de vez a nova temporada dos 15 anos depois!

A NOVA SOCIEDADE_ PARTE 1

Toca musiquinha.

Mostra Dona Clotilde saindo de casa com uma bacia nas mãos. Está levando a roupa para lavar no tanque, cantarolando. Esfrega algumas e torce. Logo, sai da casa 14 Ginna, também com uma bacia nas mãos.

– Preciso lavar roupa! – diz a garota.

– Não está vendo que estou na frente? – diz a bruxa.

– Mas eu tenho mais urgência! Preciso lavar as roupas do Quico para ele ir trabalhar.

– E eu preciso lavar as roupas do Seu Madruga!

– Por isso mesmo! Saia da frente!

– Um momento! Acha que as roupas do seu marido são mais importantes do que...?

– Marido? Eu e o Quico ainda nem casamos!

– Humpf! – a velha pega as roupas do tanque e vai saindo. – Era só o que me faltava, gente sem-vergonha nesta vila...

– Ah, não me venha com essa idiotice da idade da pedra! – Gina coloca as suas roupas no tanque. – Eu e Quico somos modernos! Moramos juntos mesmo sem nos casar, e daí? – ela lança um olhar malicioso para a bruxa. – E quem é você, uma solteirona, para falar disso?

– Ora, cale-se! – irrita-se a velha. – Pois eu ainda espero casar com o meu querido madruguinha! – ela ergue a cabeça e sonha. – Só estou esperando que ele me peça em casamento!

– ... há quinze anos!

– Não tenho pressa! – ela franze o cenho, exibindo muitas rugas.

– Mas parece que a senhora está se adiantando... está até lavando as roupas do Seu Madruga.

– Estou ajudando eles... afinal a Chiquinha está muito abalada para lavar roupa. Soube que a Dona Neves morreu.

Gina arregala os olhos e olha para trás. – Dona Neves? Aquela velhinha que parecia a Chiquinha?

– Sim... – a velha senhora coloca o cesto de roupas no chão. – Estava tão velhinha... mas ela viveu bem! Passou os últimos dias na terra natal dela. A Chiquinha e o Madruguinha foram lá para visitá-la nos seus últimos dias... voltaram faz pouco tempo, muito abalados.

– Há quanto tempo foi isso?

– Um mês. Ai, ai... o madruguinha nem consegue sair para procurar trabalho...

– Pelas histórias do Quico ele NUNCA procurava trabalho mesmo! – a garota ri. – E com essa idade ele tem mais é que ir atrás de aposentadoria!

– Ele já recebe, mas as coisas andam difíceis...

– Humpf! – Gina se vira. – Bem, não é da minha conta! Agora com licença que preciso lavar estas roupas do Quico.

A garota fica alguns minutos olhando para o tanque, até que diz:

– Como se liga?

Dona Clotilde arregala os olhos. – Que? Não sabe que você mesma tem que esfregar a roupa no tanque?

– Eu?!?

– Lógico.

– E estragar as minhas delicadas unhas pintadas à lá francesinha? Mas... não tem como! Estas roupas estão sujas demais! Olhe! O colarinho da minha camisa está preto.

– Neste caso devia lavar mais o pescoço! – ri a bruxa.

Ginna ia brigar com a velha, mas logo ela vê Quico chegando. O rapaz está cabisbaixo.

– Quico, ainda bem que chegou! Precisamos urgentemente comprar uma máquina de lavar roupas!

– Mas com que dinheiro?

– Ora, com o dinheiro do seu trabalho! Você não está trabalhando como autônomo em atividades de entretenimento?

Dona Clotilde ouve e fala:

– Pensei que o bochechudo estava jogando iô-iô na praça a troco de esmola!

– Cale a boca, sua velha! – diz a garota. – E então, Quico?

– Bem, amor. Lamento, mas acredita que hoje não recebi nenhum centavo! As pessoas parecem que ficam mais mesquinhas a cada dia.

– Mas Quico, então como você vai comprar os meus vestidos? Meus cremes para o cabelo? Meus sapatos de couro alemão? Minhas casemiras de Taubaté?

– Não sei, querida... não sei...

Nisso, chega a Chiquinha, toda arrumadinha e com uma mala à tira colo.

– Ai, ai... – ela suspira. – Não se respeita o luto de mais ninguém! Minhas clientes me abandonaram...

– Chiquinha! – Dona Clotilde exclama. – Seu trabalho também está ruim?

– Sim, dona Bruxa...

– Quê?!?

– Hã... digo... ahem... ohom! Desculpe, Dona Clotildinha linda, meu amor! Inclusive estou muito feliz por estar cuidando das nossas roupas e da limpeza da casa enquanto eu, esta pobre orfãzinha abandonada sofre com a morte da sua bizavozinha...

– Escuta! – exclama Gina. – Mas já não faz um mês que sua bizavó morreu? Um luto não deveria durar uma semana no máximo?

– É que eu gostava muito, muito, muito dela! – ela ergue o óculos e enxuga uma lágrima.

– Sua bizavó morreu, Chiquinha?! – Quico se aproxima, balançando a mão. – Puxa! Eu nem soube!

– Não deu tempo de avisar... e voltamos lá da terra natal dela muito, muito, muito tristes!

– Ah, por isso que neste mês nem vimos você e o seu pai.

– Bom, mas deixemos isso de lado! – interrompe Dona Clotilde. – Você sabe que a senhorita Gina tem um pouco de razão, Chiquinha. Eu não posso mais continuar fazendo o serviço de casa por muito tempo! Quer dizer... – ela se ajeita toda. – Se o Madruguinha casasse comigo, eu não me incomodaria!

– E eu lá sou Branca de Neve para ter uma bruxa como madrasta?

– O QUÊ?!?

– Hã... é que... ahem, ohom! – ela fica sem jeito. – Escapuliu!

– Bom, chega desta bobagem! – a bruxa suspira. – Afinal, como está o seu trabalho? Quando você enfim vai ter tempo para cuidar da casa sozinha e me dar descanso?

– No momento eu não posso cuidar da casa, pois chego em casa muito cansada! Você sabe, é difícil ser vendedora. Ainda mais ter que carregar este peso... urgh! – ela ergue a mala. – Se o meu pai também trabalhasse...

Nisso, Seu Madruga sai de casa e ouve a conversa.

– Que que foi, que que foi, que que há? Ora, Chiquinha, você não vê que este pobre velhinho cansado não tem energia para sair pelas ruas de porta em porta vendendo coisas?

– Mas bem que eu precisava de alguém para carregar a minha mala um pouco enquanto eu ando. Seria capaz até de pagar uma comissão para um ajudante.

Quico ouve e chega junto.

– Chiquinha! Talvez eu possa ajudá-la nisso! Eu carrego sua mala e você me paga a comissão.

– Como é que é?!? – grita Ginna. – Você vai se sujeitar à ser empregado dessa coisinha insignificante?

– Insignificante é quem vai comprar fiado na venda da esquina. – diz Chiquinha. Ginna fica irritada, mas quieta. – Bem, Quico, eu topo. Mas não posso lhe pagar muito, só dez pesos por dia.

– Isso não adianta nada! – diz Ginna.

– Chiquinha, já temos pouco dinheiro! – diz Seu Madruga. – E você ainda vai pagar dez pesos para o Quico?

– Bem, papai, ou é isso ou não tenho energia para dar nem mais um passo. E aí não vamos ganhar nada! – a garota suspira. – Se o senhor trabalhasse...

– Ora, filhinha, mas quem ia contratar um velho como eu para fazer qualquer tipo de serviço? No máximo eu tenho energia para ser vendedor, mas daqueles que ficam parados na calçada.

– Que nem aquela vez que o senhor e minha mãe estavam vendendo churros? – lembra Quico.

– Sim, como daquela vez. E é uma pena que sua mãe tenha ido embora, nós poderíamos...

– Ginna! Ginna! Amor! Você sabe fazer churros bem gostosos, não?

– Claro, você sabe que.... espere aí!Você quer que eu faça churros para dar à esse mentecapto vender?!?

– Que que foi, que que foi, que que há? Digo, eu sei vender muito bem! Se fôssemos sócios você veria que negócio íamos fazer!

– Ah, vamos amor! Vamos, Ginna! O que é que custa, não custa nada, vamos, diz que sim, não seja malvada, vamos diga que sim, siiiiiiiiim? – implora Quico, esgarçando a roupa da menina.

– Oh... está bem. Se isso melhorar nossa condição financeira...

– Haha! – comemora Quico. – Então amanhã mesmo já podemos começar os nossos negócios, certo?

– Por mim tudo bem, Quico! – diz Chiquinha.

– Não é má idéia, afinal preciso de distração para esquecer o luto... – diz seu Madruga.

– Haha! – a baixinha sorri. – Vai ser como nos velhos tempos! Mal posso esperar!

Cada um vai para sua casa.

Toca uma musiquinha. Chaves aparece na vila. Ele passa em frente à casa número 14 e sente um cheiro muito bom. Fica parado. Eis que Chiquinha sai de casa, carregando uma malona, e o vê.

– Bom dia, Chaves! Eu já estou me preparando... – ela pára. Também sente o cheiro bom. – Oh... isso são churros?

– Sim! E estão cheirando gostossíssíssíssíssímos!

– Hum! Pelo jeito aquela metida sabe cozinhar tão bem quanto a Dona Florinda! E falando nisso...

Ela bate na porta. Logo aparece o Quico.

– E então, vamos?

– Claro! – diz o bochechudo. – Já estou pronto! Olá, Chaves!

– Oi, Quico. Sua namorada está fazendo churros?

– Sim, para o Seu Madruga vender. Ah, e a propósito, nós decidimos que será melhor vender os churros aqui dentro da vila do que na rua. Afinal, não temos licença para montar comércio.

– E precisamos da sua autorização, Chaves! – diz Chiquinha.

– Está bem, contanto que... vocês me dêem um churro por dia, certo?

– Combinado! Agora vamos, Quico. Temos um longo caminho. Pegue minha mala.

– Pode deixar que eu vou pegaaaa....! – assim que a pega, o cara deixa a mala cair direto no chão. Quico vai tentando levantar, com pouco sucesso. – Que malão, heim?

– Tá bem, deixe que eu leve primeiro, quando eu cansar você carrega.

– Ah, assim sim! – diz Quico, erguendo a mala com fabulosa facilidade e dando para a Chiquinha. Quando a garota percebe a trapaça, abaixa os óculos e olha para o Quico. Ele sem jeito.

– Que coisa, não?

– Carregue logo essa mala!!! Antes que eu diminua o seu salário!!!

– Tá bem, tá bem! – e os dois saem pelo portão.

Chaves bate na porta da casa da Ginna. Ela aparece, com as mãos sujas de massa.

– Pois não?

– Os churros já estão prontos?

– O que lhe interessa? – diz a garota, bem grosseira.

– Bom... bom... – Chaves alisa os suspensórios por debaixo do paletó. – É que eu agora sou o dono desta vila! E por isso vou pedir um churro todos os dias para que possam vender aqui na vila, por que eu sou o dono da vila, e como dono da vila eu que tenho que dar a autorização, mas para dar autorização eu vou querer um churro todos os dias, por que...

– Ai, cale-se, cale-se, cale-se que me deixa louuuuuca!!! – grita a garota. – Está bem! Quando estiverem prontos eu lhe dou um churro! Agora dê o fora! – e bate a porta na cara dele.

Chaves sai, acariciando o nariz. Eis que Seu Madruga sai de casa, carregando uma mesinha igual aquela do antigo episódio dos churros. Ele chega até o Chaves.

– Bom dia, Chaves!

– O que é que tem de bom?!? – protesta o moleque.

Seu Madruga fica irritado. Chega até ele.

– Quer que eu o faça lembrar dos cascudos que eu lhe dava na infância?!?

– Não, obrigado! Não sou nostálgico!

Risos da platéia. Seu Madruga se acalma. Ele vai até sua mesinha e tenta fazê-la ficar de pé. Fala com Chaves

– Escuta, aproveita que você está aí e pergunte para a Ginna se os churros já estão prontos.

Obediente, Chaves bate na porta. Ginna aparece. – O que que foi? Eu não acabei de lhe dizer que os churros ainda não estão prontos?

– Mas desta vez quem perguntou foi o Seu Madruga.

– Ora, não! Não estão! E diga para ele parar de encher! – novamente bate a porta na cara do Chaves, e desta vez machuca para valer o nariz dele.

– Pi, pi, pi, pi, pi!

– Ora, o que é isso, Chaves? Chorando? – censura Seu Madruga. – Você não tem calças?

– Claro que tenho!

– Então?

– Quer que eu tire as calças para chorar?

– Olha, sai daí! Já que você é incapaz de me fazer um favor, deixa que eu mesmo faço! – Seu Madruga chega em frente à porta. Bate. Ginna escuta e fica irritada. Vai até a porta carregando a panela com massa.

– Oh, bom dia, minha querida sócia! Eu queria...

– Vocês todos querem é ficar me gozando, não é? Pois aqui estão os seus churros! – diz, jogando a massa na cabeça do Seu Madruga.

– Mas... mas... ei... eeeei!

Ele fica desorientado, perde o equilíbrio e cai bem encima da mesinha, despedaçando-a. Quando olha para ela começa a chorar. Chaves vê tudo e diz:

– O que o senhor estava falando à respeito de calças?

Seu Madruga fica mudo. Olha para ele e volta a chorar.

[lá vem o chaves.. chaves... chaves.. todos atentos olhando para a TV! Lá vem o chaves... chaves... chaves... com uma historinha bem gostosa de se ver! COMERCIAIS]

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A NOVA SOCIEDADE_ PARTE 2

Toca a musiquinha. Mostra o pátio da vila. Chaves vem andando com uma placa nas mãos. Ele olha para as paredes da vila, pensando onde vai colocá-la. Nisso, Chiquinha sai de casa e vai falar com ele.

– Ah, Chaves! Como é que vai? – diz ela, sorrindo. – Fez o que eu te pedi?

– Sim! Você pediu para que eu escrevesse uma placa para a barraquinha de churros do seu pai.

– Exato! E ficou boa?

– Olhe!

Chaves mostra a placa toda mal feita onde está escrito “Sabrozos churos del doña Gina e rom Damon. Uno peso solamiente”. Chiquinha levanta o aro do óculos. Olha para Chaves, este todo orgulhoso diz:

– E eu fiz sozinho, sozinho, sozinho!

– Logo vi... – diz a garota.

– Três pesos! – diz Chaves, triunfante.

Chiquinha coloca na mão dele uma moeda de cinqüenta centavos.

– Só isso?!?

– E agradeça por eu não cobrar pelos erros de espanhol, ou você estaria me devendo! – e ela entra em casa, carregando a placa.

Irritado, Chaves sai chutando tudo. Nisso vem chegando o Seu Barriga, que recebe um tremendo chute na canela. Ele cai. Vai levantando devagar.

– Ah! Só para variar... tinha que ser o CHAVES de novo!!!

– Foi sem querer querendo. – diz Chaves, alisando os suspensórios por debaixo do terno. Logo depois faz cara de dúvida – Senhor Barriga, o que está fazendo aqui se não é mais o dono da vila?

– Ora essa. Mesmo assim eu ainda posso vim visitá-los, não?

– Isso, isso, isso!

– E como andam as coisas? Tem tido dificuldades em fazer os inquilinos pagar os aluguéis?

Nisso, Seu Madruga vai saindo de casa distraidamente. Quando vê o senhor Barriga se apavora: - Não temos um só centavo!!! – e já ia correr para o segundo pátio. Mas se detêm. – Heh... hehehehe! É só força do hábito!

– Como eu ia dizendo... – Seu Barriga se aproxima do Seu Madruga. – Tem tido muitas dificuldades em fazer os inquilinos pagar?

– Bom, do Seu Madruga e da Chiquinha eu estou cobrando apenas o meu desjejum de todas as manhãs.

– Está vendo? – diz Seu Madruga, orgulhoso. – Quando o senhoril é compreensivo dá para se chegar num bom acordo!

– Mas o senhor está me devendo quatorze dias de desjejum. – lembra Chaves.

– Hã... bem... entenda que nem mesmo eu e a Chiquinha estamos passando por um bom momento. Ainda mais com o passament da minha avó...

– Dona Neves morreu? – espanta-se o Senhor Barriga, aproximando-se do Seu Madruga e colocando a mão em seu ombro. – Puxa, meus pêsames!

– Muita barriga, senhor obrigado...

– Quê?!

– Digo... muito obrigado, senhor Barriga! Mas já era esperado, ela já estava velhinha. Mas ainda muito lúcida e esperta nos seus último momentos. – Seu Madruga tirou um relógio antigo do bolso. – Está vendo este relógio?

– Sim?

– Ela estava com ele nas mãos nos seus últimos momentos e virou para mim e disse: “Madruguinha! Este... este relógio... este relógio está na nossa família há anos... um relógio belíssimo!” – toca a músiquinha triste no fundo. – “Um relógio que é muito querido por mim... snif! Um relógio que eu queria passar para alguém da família... alguém que eu amasse! Snif! Alguém que realmente tivesse um coração de ouro...” – Seu Madruga fica sério. – “Quer comprar?! 100 pesos!” – risos da platéia.

– Ah... – Senhor Barriga sorri. – Mesmo no fim ela sempre espirituosa!

– É... e o pior é que eu paguei os 100 pesos para ela! E perdi o dinheiro porque assim que ela morreu vieram credores na casa à procura de um dente de ouro, um trocado ou qualquer coisa de valor nas roupas delas... ela tinha muitas dívidas! A Chiquinha até teve que deixar mais um dinheiro para limpar o nome dele e evitar que herdássemos uma dívida maior. Estamos sem um tostão!

– Ah, meus mais profundos pêsames então! – Senhor Barriga balança a cabeça.

– Mas agora será diferente! – exclama o velhinho. – Em breve estaremos ganhando muito dinheiro vendendo churros!

– Ah, que interessante! – diz Seu Barriga. – Quer dizer que agora vai se dedicar ao comércio?

– Com toda a barriga, senhor certeza! Hã... digo... digo..., com toda a certeza, Senhor Barriga! E o senhor terá a oportunidade de me ver colocando em prática minhas fantásticas habilidades de venda!

– Mas há quinze anos atrás o senhor não vendeu nada com a Dona Florinda. – lembra Chaves.

– Bem, não vendi porque... porque... porque você comeu tudo, Chaves! E não me deu tempo de vender! Mas agora será diferente, você não vai nem tocar nos churros!

– Ah! Mas pelo menos um eu vou ganhar para dar a autorização para venderem aqui na vila.

– Sim, sim, claro. – diz Seu Madruga.

Nisso, chega Ginna.

– E então? Pronto para começar a vender? – ela vê o gordo. – Oh! Bom dia, Senhor Barriga.

– Bom dia, Senhorita Ginna. Vejo que vai dar um emprego para o Seu Madruga.

– Sim, às vezes penso que sou boa demais com essa gentalha. – risos da platéia, Seu Madruga de cara séria. – Eu, que sempre fui uma moça elegante da alta, resolvi renunciar à tudo para poder ajudar a plebe rústica e boçal. Mas, afinal, alguém tem que fazer o serviço sujo para que pobres diabos como o Seu Madruga não morram de fome. – e ela se dirige até ele. – E então? De quanto será a nossa partilha?

– Com esmola e tudo?

– Sim... – a garota faz cara séria.

– Sessenta por cento para mim e quarenta por cento para a senhora.

– O quê?!? – ela se irrita. – Mas se eu tive todo o trabalho, tive que comprar tudo eu mereceria ficar com sessenta por cento!

– Mas o trabalho mais pesado é a venda! Pois eu terei que usar todo o meu poder logístico!

– Um momento, Seu Madruga. – diz Seu Barriga, interpondo-se. – Eu trabalho num restaurante e sei muito bem sobre finanças deste tipo. A senhorita Ginna, como dona dos meios de produção, é quem decidirá a quantia.

– Tinha que ser o velho barrigudo... – murmura Seu Madruga.

– O quê?

– Não, nada, nada. Está bem, eu concordo. Quarenta por cento para mim e sessenta para a senhora.

– Assim está melhor! Venha, eu vou lhe entregar os churros.

– Ah, antes ouça. – diz Seu Madruga. – Não vai fazer que nem a mãe do Quico que me fez vestir um gorro branco ridículo e um avental encardido para vender os churros, não é?

– Não se preocupe. Pode vestir a roupa que quiser.

– Ah! E não se esqueçam do meu churro! – lembra Chaves. – Para eu dar permissão para vocês venderem aqui na vila.

– Como é, Chaves? – estranha o Senhor Barriga. – Você só vai cobrar um churro como taxa de comércio? Devia cobrar no mínimo...

– Não diga mais barriga, senhor nada. – Seu Madruga percebe o outro fora. – Digo... hã... não diga nada, Senhor Barriga! O Chaves é o dono da vila e ele é quem decide tudo!

– Bem, chega de bobagem! – diz Ginna. – Prepare a banquinha que eu já vou trazer os churros.

Nisso, Seu Madruga entra rapidamente em casa e pega sua banquinha. Arma ela ao lado dos tanques e depois vai pendurar a placa em cima da escada. Pega o barril do Chaves, vira ele de ponta cabeça e começa a pregar a placa.

– Ei, Seu Madruga! – diz Chaves. – Pelo aluguel do barril para pregar a placa vou cobrar um churro a mais!

– Está bem, Chavinho, está bem! Vá até a casa do Quico e peça dois churros, o segundo é por minha conta.

– Isso, isso, isso!!! – e vai correndo até a casa 14.

Nesse mesmo instante, Ginna vai saindo com a bandeja e Chaves a derruba. Os churros se espalham por toda a parte. Seu Madruga e Ginna:

– Tinha que ser o CHAVES!!!

Seu Barriga, observando tudo, balança a cabeça e olh apara a “câmera”.

– Se vocês acham que esta Nova Sociedade vai dar certo, esperem para ver no próximo capítulo, nesta mesma hora, neste mesmo canal!

Fim do episódio!

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