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Chapolin Gremista

 

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HISTÓRIA DO CINEMA

Há 95 anos, era lançado o primeiro filme falado ao ar livre

In Old Arizona é um filme de faroeste norte-americano gravado em 1928 e lançado em 1929 dirigido por Irving Cummings e Raoul Walsh

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In Old Arizona é um filme de faroeste norte-americano gravado em 1928 e lançado em 1929 dirigido por Irving Cummings e Raoul Walsh. Sua importância se deve pelo seguinte: foi o primeiro longa-metragem sonoro da história gravado ao ar livre. O filme foi baseado no conto The Caballero’s Way de O. Henry, e a trama gira em torno do personagem Cisco Kid, um típico bandido mexicano interpretado por Warner Baxter.

Outra curiosidade do filme é que Warner Baxter interpretou Cisco Kid enquanto ainda estava se recuperando de um acidente de carro que o deixou incapacitado para montar um cavalo. Por isso, muitas das cenas de ação envolvendo montaria foram filmadas usando dublês e técnicas inovadoras para a época.

Além de ser um marco na história do cinema por ser um dos primeiros filmes sonoros, In Old Arizona também foi indicado ao Oscar em 1929. Warner Baxter recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator por sua interpretação do Cisco Kid, e o filme como um todo recebeu uma indicação ao prêmio de Melhor História Original.

Cabe ressaltar que este filme contribuiu para a popularização dos bang-bangs sonoros, marcando uma transição significativa na indústria cinematográfica da era do cinema mudo para a era sonora. In Old Arizona desempenhou um papel importante na evolução do cinema e na introdução de novas possibilidades técnicas e narrativas na sétima arte.

https://causaoperaria.org.br/2024/ha-95-anos-era-lancado-o-primeiro-filme-falado-ao-ar-livre/#google_vignette

 

 

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Indicados ao Oscar 2024 :

MELHOR FILME
. Oppenheimer
. Assassinos da Lua da Flores
. Barbie
. Maestro
. Pobres Criaturas
. Vidas Passadas
. Os Rejeitados
. American Fiction
. Zona de Interesse
. Anatomia de uma Queda

MELHOR ATRIZ
. Emma Stone (Pobres Criaturas)
. Lily Gladstone (Assassinos da Lua das Flores)
. Carey Mulligan (Maestro)
. Sandra Hüller (Anatomia de uma Queda)
. Annette Bening (Nyad)

MELHOR ATOR
. Cillian Murhy (Oppenheimer)
. Paul Giamatti (Os Rejeitados)
. Bradley Cooper (Maestro)
. Colman Domingo (Rustin)
. Jeffrey Wright (American Fiction)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
. Da’vine Joy Randolph (Os Rejeitados)
. Emily Blunt (Oppenheimer)
. Danielle Brooks (A Cor Púrpura)
. America Ferrera (Barbie)
. Jodie Foster (Nyad)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
. Robert Downey Jr. (Oppenheimer)
. Ryan Gosling (Barbie)
. Robert De Niro (Assassinos da Lua das Flores)
. Mark Ruffalo (Pobres Criaturas)
. Sterling K.Brown (American Fiction)

MELHOR DIRETOR
. Christopher Nolan (Oppenheimer)
. Martin Scorsese (Assassinos da Lua das Flores)
. Jonathan Glazer (Zona de Interesse)
. Yorgos Lanthimos (Pobres Criaturas)
. Justine Triet (Anatomia de uma Queda)

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
. O Menino e a Garça
. Elementos
. Homem-Aranha : Através do Aranhaverso
. Nimona
. Robot Dreams

MELHOR FILME INTERNACIONAL
. Zona de Interesse (Inglaterra)
. A Sociedade da Neve (Espanha)
. Io Capitano (Itália)
. Perfect Days (Japão)
. The Teacher´s Lounge (Alemanha)


Lista de indicados completa no link : https://www.uol.com.br/splash/noticias/2024/01/23/oscar-indicados.htm

Que lista horrível que a Academia fez ! :down:

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Chispirito - by Tatá Guarnieri

Se a lista de indicações do Oscar fosse feita com base na qualidade de produção, o Jogos Mortais X também deveria estar presente.

Editado por Пауло Витор
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Acho que a Academia devia aumentar o número de indicados nas 4 categorias de atuação de 5 pessoas para 6 pessoas, como acontece em outras premiações.

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O The Hollywood Reporter confirmou que a franquia ‘Jurassic World’ vai ganhar um novo filme, que marcará o início de uma nova fase da franquia.

O roteiro está a cargo de David Koepp, o escritor do ‘Jurassic Park’ original de 1993.

O filme pode ser lançado já em 2025.

Fonte : https://cinepop.com.br/jurassic-world-4-deve-chegar-aos-cinemas-ja-em-2025-467334/

 

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Chapolin Gremista
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COLUNA

Os Sonhadores, de Bernardo Bertolucci

Filme evoca Sade para falar de alienação política da juventude parisiense de 1968

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Bernardo Bertolucci é um cineasta italiano que iniciou sua carreira muito jovem nos anos 1960. Falecido em 2018, sua obra tem filmes muito bons, como O Conformista (1970) e outros nem tanto.

Em um dado momento, ele abandonou suas convicções políticas e passou a realizar filmes americanos de grande orçamento, como O último imperador (1987), pelo qual ganhou o Oscar de melhor diretor.

Essa oscilação temática e formal faz com que seu legado seja ambíguo para a história do cinema e não esteja à altura do seu potencial como artista. Foi uma escolha individual.

Isso diz bastante sobre os temas que escolheu e sua abordagem. Seu filme Os Sonhadores (2003), retoma um tema que lhe era caro : a juventude revolucionária da década de 1960. É de certa forma uma refilmagem de Antes da Revolução (1964), em que ele trabalha com a alienação da juventude pequeno-burguesa diante da impossibilidade de transformação histórica.

No fundo, Bertolucci retrata sua própria história como militante do Partido Comunista italiano. Para ele, a causa revolucionária era um sonho juvenil, o que de certa forma está retratado em seus filmes.

Em Os Sonhadores, três jovens, o americano Matthew (Michael Pitt) e os irmãos gêmeos franceses Isabelle (Eva Green) e Theo (Louis Garrel) dividem por um mês o enorme apartamento deixado vazio pelos pais que viajam. Em meio a descobertas sexuais, eles discutem os problemas de seu tempo e o cinema, uma paixão comum.

O apartamento burguês antigo e a relação dos três jovens, inclusive o incesto entre irmãos, criam um ambiente evocativo de transgressão que lembra os escritos de Sade nos anos da Revolução Francesa. A libertinagem e a figura do libertino é o centro da obra política do escritor, que Bertolucci retoma tanto nesse filme, quanto em O Último Tango em Paris.

No caso de Os Sonhadores, os personagens são retratados como jovens ingênuos que utilizam a experiência sensorial como uma espécie de ritual de passagem para uma vida adulta considerada adequada em uma sociedade de mercado. Presos no apartamento em seus jogos sexuais, enquanto as manifestações de 1968 acontecem, seus experimentos sádicos, no sentido de evocar Sade, revelam uma certa decadência que beira o niilismo e à incapacidade de efetivar mudanças.

Matthew é colocado como narrador em voice over, dando a entender que é seu ponto de vista que vemos no filme. Seguindo o lema hippie de paz e amor, ele é contra a violência e, portanto, de qualquer forma de ação. Já os gêmeos participam da luta, mas mais por que ela está acontecendo e não por convicção.

Bertolucci ressalta a beleza decadente desta juventude na Paris de 1968, talvez para falar da sua própria juventude, do cinema e até como recado para aqueles que eram jovens em 2003, quando o filme foi lançado.

https://causaoperaria.org.br/2024/os-sonhadores-de-bernardo-bertolucci-e-a-capitulacao-politica/

 

Editado por E.R
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Chapolin Gremista
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CINEMA

‘Oppenheimer’, propaganda pró-EUA, lidera indicações ao Oscar

No total, filme dirigido por Christopher Nolan recebeu 13 indicações

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Na última terça-feira (23), a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood divulgou a lista de indicados ao Oscar deste ano.

Oppenheimer, filme do diretor Christopher Nolan que retrata a criação da bomba atômica de maneira mentirosa, para beneficiar os Estados Unidos; liderou as indicações, com 13. Em seguida, está Pobres Criaturas, do diretor Yorgos Lanthimos, com 11; Assassinos da Lua das Flores, do consagrado Martin Scorsese, com 10; e Barbie, de Greta Gerwig, com oito indicações.

Além deses filmes, Maestro, uma produção da Netflix, ficou com sete indicações, Os Rejeitados, Zona de Interesse e Anatomia de Uma Queda, com cinco cada, e Napoleão, do diretor Ridley Scott, com somente três indicações.

A premiação do Oscar passa por uma grande crise. De alguns anos para cá, sua audiência caiu consideravelmente, e a premiação foi abrigada a apelar ou para uma defesa fervorosa da política identitária, ou para encenações como foi o tapa de Will Smith a Chris Rock na edição de 2022.

Este ano, o evento ocorrerá em 01 de março, em Los Angeles, e terá como apresentado o humorista norte-americano Jimmy Kimmel, que já comandou a premiação em 2017, 2018 e 2023.

Confira, abaixo, todos os indicados para o Oscar de 2024, 96ª edição da premiação:

Melhor filme

Oppenheimer

American Fiction

Anatomia de uma queda

Barbie

Os rejeitados

Assassinos da Lua das Flores

Maestro

Vidas Passadas

Pobres Criaturas

Zona de interesse

Melhor atriz

Lily Gladstone – Assassinos da Lua das Flores

Sandra Hüller – Anatomia de uma queda

Carey Mulligan – Maestro

Emma Stone – Pobres criaturas

Annette Bening – Nyad

Melhor ator

Bradley Cooper – Maestro

Colman Domingo – Rustin

Paul Giamatti – Os rejeitados

Cillian Murphy – Oppenheimer

Jeffrey Wright – American Fiction

Melhor direção

Yorgos Lanthimos – Pobres criaturas

Jonathan Glazer – Zona de interesse

Christopher Nolan – Oppenheimer

Martin Scorsese – Assassinos da Lua das Flores

Justine Triet – Anatomia de uma queda

Melhor ator coadjuvante

Sterling K. Brown – American Fiction

Robert Downey Jr. – Oppenheimer

Mark Ruffalo – Pobres Criaturas

Robert De Niro – Assassinos da Lua das Flores

Ryan Gosling – Barbie

Melhor atriz coadjuvante

Emily Blunt – Oppenheimer

Danielle Brooks – A cor púrpura

America Ferrera – Barbie

Jodie Foster – Nyad

Da’vine Joy Randolph – Os rejeitados

Melhor filme internacional

The Teachers’ Lounge – Alemanha

Io Capitano – Itália

Perfect Days – Japão

Sociedade da neve – Espanha

Zona de Interesse – Reino Unido

Melhor roteiro adaptado

American Fiction

Barbie

Oppenheimer

Pobres Criaturas

Zona de interesse

Melhor roteiro original

Anatomia de uma queda

Os rejeitados

Maestro

Segredos de um escândalo

Vidas Passadas

Melhor fotografia

Hoyte van Hoytema – Oppenheimer

Matthew Libatique – Maestro

Rodrigo Prieto – Assassinos da Lua das Flores

Robbie Ryan – Pobres criaturas

Edward Lachman – El Conde

Melhor canção original

“It Never Went Away”, Jon Batiste – American Symphony

“I’m Just Ken”, Mark Ronson e Andrew Wyatt – Barbie

“What Was I Made For?”, Billie Eilish e Finneas – Barbie

“The Fire Inside”, Diane Warren – Flamin’ Hot

“Wahzhazhe (A Song For My People)”, Osage Tribal Singers – Assassinos da Lua das Flores

Melhor animação

O menino e a garça

Elementa

Nimona

Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

Meu amigo robô

Melhor trilha sonora

Laura Karpman – American Fiction

John Williams – Indiana Jones e a Relíquia do Destino

Robbie Robertson – Assassinos da Lua das Flores

Ludwig Göransson – Oppenheimer

Jerskin Fendrix – Pobres criaturas

Melhor figurino

Jacqueline Durran – Barbie

Jacqueline West – Assassinos da Lua das Flores

Holly Waddington – Pobres criaturas

Janty Yates e Dave Crossman – Napoleão

Ellen Mirojnick – Oppenheimer

Melhor curta de animação

Letter to a Pig

Ninety-Five Senses

Our Uniform

Pachyderme

War Is Over! Inspired by the Music of John & Yoko

Melhor maquiagem

Golda

Maestro

Oppenheimer

Pobres criaturas

Sociedade da neve

Melhor design de produção

Barbie

Assassinos da Lua das Flores

Oppenheimer

Pobres criaturas

Napoleão

Melhores efeitos visuais

Resistência

Godzilla Minus One

Guardiões da Galáxia Vol. 3

Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte Um

Napoleão

Melhor som

Resistência

Maestro

Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte Um

Oppenheimer

Zona de interesse

Melhor documentário

Bobi Wine: The People’s President

The Eternal Memory

Four Daughters

To Kill a Tiger

20 Days in Mariupol

Melhor documentário curta

The ABCs of Book Banning

The Barber of Little Rock

Island in Between

The Last Repair Shop

Nǎi Nai & Wài Pó

https://causaoperaria.org.br/2024/oppenheimer-propaganda-pro-eua-lidera-indicacoes-ao-oscar/

 

 

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Chapolin Gremista

 

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Chapolin Gremista
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Sambizanga, um filme de Sarah Maldoror

Obra retrata fatos que antecederam a luta de libertação de Angola da colonização portuguesa

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Sambizanga (1972) é um filme de produção angolana e francesa dirigido pela cineasta Sarah Maldoror. No momento de sua produção, Angola estava em plena guerra por sua independência de Portugal.

É considerado oficialmente o primeiro filme angolano e inaugura a cinematografia desse país. Angola foi colônia de Portugal por quatro séculos. O martírio acabou em 1974, quando foi substituído por uma guerra civil que só terminou em 2002.

Digno de nota é o fato de que o salazarismo, a ditadura fascista iniciada por Antonio Salazar em 1933 em Portugal, só acabaria em 1974, com a Revolução dos Cravos, ajudando os revolucionários angolanos.

O filme de Maldoror retrata um momento específico desse processo. O ano é 1961, data que começa a guerra pela independência, e o enredo conta a história de Domingos (Domingos Oliveira) e sua esposa Maria (Elisa Andrade). Baseia-se no livro “A Vida Verdadeira de Domingos Xavier”, escrito por José Luandino Vieira.

Domingos é um trabalhador, um operador de máquina em uma mina, e faz parte de movimentos subversivos pela libertação de Angola. Ele, Maria e o filho ainda bebê moram em um barraco de um cômodo em Sambizanga, um distrito da periferia de Luanda.

Um dia, a polícia repressiva comandada pelos portugueses prende Domingos e o leva para a capital. Maria vê tudo e, após o choque, começa uma peregrinação a pé para achar o marido injustamente preso.

O filme oscila em mostrar o que acontece com Domingos na prisão, a reação dos militantes e a jornada de Maria que carrega, o tempo todo, o seu bebê.

Um momento especial é o monólogo do líder revolucionário Mussunda (Lopes Rodrigues) sobre a luta de classes que ele faz aos militantes em uma belíssima cena. Diz ele:

“Vocês devem saber que não há branco, nem mulato, nem preto. O que há é o pobre e o rico. E o rico é inimigo do pobre. Ele faz de tudo para que o pobre seja sempre pobre. Ele dá trabalho para que o pobre fique sempre pobre. Se não houvesse rico, não haveria pobre”.

Ao final, Domingos é assassinado na prisão. Ele é vítima de tortura por se negar a revelar seus companheiros. A resistência armada em Luanda começaria pouco depois.

Impressionante notar que, em tempos identitários e nos quais a luta anticolonial legítima é chamada de “terrorismo”, seja necessário explicar para a esquerda esse be-a-bá. Aí está um filme que não deixa dúvidas. Quem não está do lado da luta de classes, está necessariamente do lado do rico, do capital, do imperialismo, enfim, do opressor. Nesse jogo perverso, não existe posição neutra.

https://www.youtube.com/watch?v=CkoQPTmKzOk

 

https://causaoperaria.org.br/2024/sambizanga-um-filme-de-sarah-maldoror-2/

 

 

 

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A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou nesta quinta-feira a introdução de uma nova categoria na premiação do Oscar. 

A partir da edição de 2026, a cerimônia passa a contar com um prêmio de melhor direção de elenco.

Fonte : https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2024/02/oscar-anuncia-nova-categoria-de-direcao-de-elenco-para-edicao-de-2026.shtml

 

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Chapolin Gremista

Poderia ter uma categoria de dublês também.

 

 

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Filmes bons… filmes ruins…

Discutindo o gosto no cinema

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Na arte, costuma se dizer, gosto não se discute… nos discursos da crítica, contudo e acima de tudo, discute-se o gosto. Dessa maneira, na arte cinematográfica, o que seria um filme ruim? Em princípio, isso dependeria do gosto… o gosto, entretanto, depende do quê? Em verdade, o gosto não é uma entidade metafísica, pairando na consciência humana, da qual emanaria nossas vontades; tampouco, o gosto se revela algo vindo do espírito, coisa particular, própria de cada indivíduo, independentemente de quaisquer determinações sociais, portanto, políticas.

Não se pretende, em seguida, revolver assunto tão espinhoso quanto o gosto… para participar dessa discussão, todavia, começando por “gostar” com sentido de “saborear”, vale a pena indagar quem gosta de comidas exóticas, por exemplo, a comida japonesa. Antes de tudo, seria a comida japonesa, com seus tradicionais peixes crus, comida exótica? No Brasil, atualmente, isto é, nos 2020, a cozinha japonesa talvez já tenha se popularizado, a ponto dessa culinária ganhar, inclusive, especificidade, com características bastante distintas da tradicional, feita no Japão; nos 1990, entretanto, muitos estranharam comer salmão, atum e peixe branco sem cozinhar ou grelhar. Para gostar, portanto, torna-se necessário conhecer e, a partir do discernimento, aprender a apreciar; do sabor da comida para a beleza humana, trata-se do mesmo procedimento.

Na contemporaneidade, contempla-se a beleza com critérios plurais; se antes, em comerciais de roupas íntimas ou de banho, expressava-se somente a beleza dita clássica, com formas longilíneas, ditadas por corpos magros e com pele predominantemente branca, no presente, expressam-se corpos variados, buscando a inclusão de todos, inclusive, deficientes físicos, tais quais a modelo italiana Chiara Bondi, a quem falta a perna esquerda abaixo do joelho.

A atriz Sônia Braga, modelo indiscutível de beleza, já foi, em tempos idos, considerada uma mulher, se não feia, ao menos esquisita. Poucos se lembram, mas na telenovela “Fogo sobre terra”, de Janete Clair, que foi ao ar em 1974, na Rede Globo, um dos primeiros trabalhos de Sônia Braga na televisão, ela viveu o papel de moça provinciana, professora de uma cidade do interior do então estado do Mato Grosso, cujas características eram ser acanhada e feiosa; apenas no ano seguinte, em 1975, ela se impôs, mediante modelos brasileiros de beleza, como uma das mulheres mais bonitas do mundo, ao viver a protagonista na telenovela “Gabriela”, inspirada no romance “Gabriela, cravo e canela” de Jorge Amado, adaptada por Walter Goerge Durst para a mesma emissora de televisão.

Ora, falando de modelos e atrizes, aproximamo-nos do cinema; nesse tópico, como distinguir os filmes bons dos ruins? Há vários critérios para tanto… vamos nos ocupar de dois filmes, isto é, “A caçada do futuro”, 1982, de Brian Trenchard-Smith, e “No umbral da China”, 1957, Samuel Fuller; os critérios se resumem à consciência política e à semiótica, enfocando seja a trama seja a expressão plástica. O primeiro filme é australiano; na história, num futuro próximo, o país se encontra dominado pelo fascismo, com forte repressão policial, justiça persecutória e infestado por campos de concentração para prisioneiros políticos, que variam de guerrilheiros armados a inocentes, detidos por erros ou intolerância de juízes ou delegados. Em um desses campos, o diretor e alguns burgueses desocupados se divertem caçando seres humanos selecionados entre os presidiários, tratando-se da variação de um tema recorrente em filmes, em geral, de terror e ficção científica; na história, em meio a cenas de sexo, lutas, monstros mutantes, tiroteios, explosões e mortes violentas, um revolucionário, especializado em invadir meios de comunicação de massa, ajuda uma trabalhadora, presa injustamente, a sobreviver durante uma daquelas caçadas, nas quais se configura, explicitamente, a luta de classes, na correlação “opressão / burguesia e aparato repressor” versus “liberdade / revolucionários e trabalhadores”.

No final do filme, o casal protagonista, além de triunfar sobre os caçadores, provoca uma revolução armada no campo de concentração; contudo, longe de tudo se resolver em casamentos, risos e felicidade geral, ou seja, diferentemente do final burguês, característico da indústria cultural, a luta continua, pois, apesar da derrota dos diretores do campo, não se venceu a repressão política, mostrando que a verdadeira vitória contra a burguesia e seu aparato policial são, antes de tudo, a consciência política e o enfrentamento. Por fim, antes dos créditos, cita-se, vindo bem a calhar, “a revolução começa com os desajustados”, frase do escritor H. G. Wells, autor, entre tantas obras, de “Homem invisível”, a “Guerra dos mundos” e “A máquina do tempo”.

O filme de Fuller, contrariamente, não é revolucionário; declarando-se, logo na abertura, favorável ao imperialismo francês no Vietnam, o filme revela-se uma apologia do capitalismo, com as personagens combatendo, com armas nas mãos, o comunismo, apresentado enquanto ditaduras, levadas adiante por Josef Stalin, Mao Tse Tung e Ho Chi Minh. Na trama, um grupo de soldados, entre os quais há franceses, alemães, chineses e americanos, inclusive um oficial negro, vivido pelo cantor Nat King Cole, assumem a missão de explodir um depósito de armamentos do governo chinês, guiados, no território, por certa mulher, mestiça de chineses e europeus, quem goza de prestígio entre os soldados comunistas, especialmente das atenções do alto comando, por traficar bebidas e oferecer favores sexuais. Ela tem um filho, cujo pai é, justamente, o capitão do grupo; entretanto, embora ainda se amem, tornaram-se inimigos porque o oficial, insensatamente, abdicou da paternidade devido aos traços chineses, pouco acentuados na mãe, mas bastante marcantes na criança. Relutantemente, a protagonista aceita trabalhar com o ex-marido em troca da cidadania americana para o filho, quem, segundo ela, cresceria em liberdade nos Estados Unidos e não, na China; com tal roteiro, o filme não passa de propaganda anticomunista do imperialismo, bastante rasa e alienante, contudo, a cenografia é fantástica, conforme toda obra de Samuel Fuller, além de se discutir, com veemência, o racismo.

Em “No umbral da China”, Fuller antecipa discussões levadas adiante em “Cão Branco”, talvez, seu melhor filme; além do protagonista superar o racismo contra os chineses, assumindo e amando o filho no final da história, o grupo de soldados, vale lembrar, forma-se por várias nacionalidades e com personagem negra, principalmente, convencendo o capitão a mudar seus pontos de vistas retrógrados e desumanos, mostrando um negro estadunidense mais inteligente, gentil e altruísta do que o compatriota branco. Quanto à cenografia, conforme os demais filmes do mesmo diretor, o espectador assiste a verdadeiras coreografias nas cenas de ação, quando os combatentes parecem dançar; há oposições contundentes, por exemplo, na morte de vários soldados, com o diretor complexificando expectativas futuras e a dura realidade dos campos de batalha. Soma-se a isso, a bela canção tema, entoada pelo próprio Nat King Cole, com a letra bastante poética e música melodiosa, contrapondo-se às imagens chocantes das cidades em ruínas e às mortes a sangue-frio; em termos formais, o filme se impõe, revelando-se, nesse tópico, a crise da discussão sobre o gosto.

Diante dos contrastes de Fuller, questiono-me, afinal, se eu gostei de “No umbral da China”. Gostei bastante; cheguei, inclusive, a me emocionar em várias passagens, apesar da ideologia, quase idiota, pró-imperialista e anticomunista.

Toda obra de arte tem, pelo menos, dois aspectos: (1) o ideológico, fruto dos diálogos com a política da época, relevando-se, assim, a arte enquanto superestrutura, ou seja, como reflexo das relações econômicas – no caso do filme de Fuller, verificam-se propagandas do sistema capitalista, financiadas pela indústria cultural –; (2) o semiótico, mas nos referimos, nesse tópico, apenas à semiótica da expressão, responsável pelo filme enquanto texto segundo determinada linguagem, no caso, a linguagem cinematográfica, e não, a semiótica do conteúdo, em que os aspectos ideológicos, necessariamente, se manifestam. O gosto, portanto, não se pauta somente por um critério, pois todo texto, e não apenas as obras de arte, constituem-se, semioticamente, por vários aspectos; embora detestável em sua apologia do imperialismo, em termos formais, “No umbral da China” é fantástico; contrariamente, “A caçada do futuro”, mesmo deixando a desejar em termos de atuação, cenografia, trilha sonora, apresenta análises políticas bem mais interessantes, próximas da realidade histórica, inclusive, no respeitante às formas de luta.

Para concluir, em regra, cineastas excessivamente ocupados com aspectos formais tendem a se aproximar da direita, ora enfaticamente, feito Leni Riefenstahl e Alfred Hitchcock, ora menos, feito Stanley Kubrick; afastando-se dos vieses principais da indústria cultural, boa parte do cinema progressista se refugia nos considerados filmes B, tais quais filmes underground, de terror ou ficção científica. Em vista disso, ideologia e expressão artística raramente se combinam com perfeição, como nos cinemas de Elio Petri, Ettore Scola, Liliana Cavani, Sergio Leone, Jean-Luc Godard, Carlos Saura, Cacá Diegues, Glauber Rocha, Rogério Sganzerla, Satyajit Ray ou Akira Kurosawa.

https://causaoperaria.org.br/2024/filmes-bons-filmes-ruins/

 

 

 

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